QUEBRADA
Do espelho da cômoda ela observa a sobrinha se arrumar. Ajeita o cabelo, retoca o batom, desce o vestido que teima em subir acima da coxa. O quarto está perfumado com uma leve loção cítrica. A moça, de pouco mais de 20 anos, percebe as atenções da tia e provoca:
- Vamos, querida, achar o que está perdido nesta noite! – diz sorrindo enquanto amarra as sandálias. Duas mulheres recém-separadas e descobrindo as várias faces da liberdade.
- Não, minha linda. Vá você que está protegida com o escudo da juventude – diz a tia já se preparando para sair do quarto.
A outra interrompe a fuga:
- Ei, do que você tem medo? Não entendeu ainda que a gente só quebra uma vez?