SILENCIO ATROZ

SILENCIO ATROZ

Artur era caçador de letras, acreditava na palavra viva, dizia que ela soprou sua face e se viu cair sem porque, por ter visto as flores do mal nascerem no chão bruto do monte, brilharem como ouro e o capim seco se transformar em candeia iluminando a trilha escura e contagiar o amigo intimo contemplando ele também o luzir das folhas na sua incredulidade não por que tantas vozes declararem sua existência, Ali nunca tivera felicidade, a fragrância dos campos a língua das velhas faladeira que insinuavam o amor de sua mãe pelo padre da cidade, isso era certo? Odiava aquela cidade e agora encarcerado vivia naquela escola aonde os professores não entendiam nada de poesia, viviam nas trevas. Inquieto era seu jeito de ser, fugia rugia e beijava o rosto que ora esbofeteava, enviava o rosto nas águas do córrego a procura de piabas e marias sapudas e podia ler todos os poemas que se encontravam dentro dele.

O caminho da estrada que seguia ate cidade ia dar em seu único refugio, passava horas sentado sobre o muro do cemitério fumando seu cachimbo de mamona e conversando com os mortos, recitava para eles poemas de Augusto dos anjos e lia os contos góticos de Alan Poe, Logo sem mais chorava. Um estranho lugar aonde havia nascido. Seu pai foi caixeiro viajante sumiu um dia nas poeiras do sertão cheio de risadas de escarninho. Seu pai. Sua mãe e a irmã viviam das caridades da igreja e dos favores do padre, não não suportava tudo aquilo queria sumir dali, mas ainda era um menino um menino para fugir. Artur era anda luz andava trevas, um silêncio profundo n’alma, apenas batimentos cardíacos que ecoavam pelas esquinas da cidade. Sem camisa descalço seu mundo mudo, silêncio atroz. Quando usará o seu sonhado sapato branco? Silencio atroz.