Autista AMADO...
1º de março 2014, sábado de carnaval, dia de alegria...
Ao passar defronte uma casa lotérica sobreveio, eu que não sou muito afeito aos chamados ‘jogos de azar’, vontade de ‘fazer uma fezinha (jargão utilizado por aqueles que são contumazes jogadores...)’ em algum prêmio da loteria cujo resultado será auferido no dia de hoje.
Postei-me no final da fila única de atendimento, tendo à minha frente um senhor acompanhado de um adolescente e de um garotinho. Decorridos alguns poucos minutos passei ouvir estranho som, parecendo um ronco de algum animal ou coisa parecida.
Atinei para o fato e, somente aí percebi que o som partia do adolescente postado à minha frente na fila. Observei então com maior atenção e denotei que o rapazinho tinha um comportamento que, para nós considerados ‘normais’ transparecia como ‘anormal’...
O rapaz esfregava com uma das mãos a cabeça enquanto emitia repetidamente o ruído. O adulto e o garotinho, talvez por já afeitos à situação, não demonstravam qualquer apreensão ou dedicavam maior atenção ao fato. Por outro lado, notei que algumas pessoas que também por lá se encontravam, sendo que algumas já postavam após a minha pessoa na fila, demonstravam certa inquietação com a ocorrência. Porém, quedavam-se todos no silêncio.
Em certo instante, o rapaz passou a esfregar com maior intensidade a cabeça e o senhor, que aparentava ser seu genitor, segurou delicadamente sua mão e a retirou, baixando-a junto ao seu corpo. O rapaz então, permaneceu por alguns instantes em paz! Passados alguns instantes, a cena se repetiu, com o rapaz voltando a esfregar a cabeça e a emitir o som...
Por seu turno, o garotinho, mostrando certa desenvoltura para os seus aparentes 10 ou pouco mais tempo de vida, dialogava ‘en passant’ com o também suposto seu genitor. Em certo momento, enquanto o adulto já era atendido pela atendente da lotérica, afastou-se postando-se no lado oposto da loja, lá permanecendo por alguns minutos. Num repente, retornou para junto do rapaz, e demonstrando resplandecente afeto, tomou-o pela mão que esfregava cabeça e dirigiu-se com ele para o local de onde havia provido. Já por lá, fez com que o rapaz repousasse a mão sobre o balcão lá existente, permanecendo, olhos fixos em seu semblante. Aí, o rapaz esboçou um sorriso e o garotinho indagou ao senhor que até aquele momento eu suponha que fosse genitor de ambos:
--- Pai! Por que ele está rindo?
Ao que, o agora confirmado genitor, respondeu:
--- Filho! Porque seu irmão está contente de estar com você...
O garotinho também sorriu, aproximou-se mais do irmão e depositou-lhe um beijo na face.
Preciso dizer que meus olhos se nublaram e lágrimas rolaram a cântaros pelas minhas faces?
Em meu pensamento, de imediato perspessou o fato de que tantos jovens, agraciados por Nosso Ente Superior, são dotados de todas perfeições ‘reconhecidas’ como tal por aqui e, em prol de aventuras e sensações efêmeras, seja através de drogas ou desmandos de comportamento não legalmente usuais, destroem aquilo que, graciosamente lhes foi cedido, pelo simples fato de serem escolhidos para viverem plenamente sua missão por aqui...