Solidão a dois, parte final.

Solidão a dois, parte final.

O tempo foi passando, e ele não conseguiu mais ser a mesma pessoa após a saída dela. Nos primeiros dias ele tentou se aproximar de todas as formas, mas ela não lhe dava atenção, nem se quer olhava pra ele. Ele insistia; mandava flores, bilhetinhos, presentes... Queria mostrar que havia mudado. Mas assim, do dia pra noite? Ela acha que não é possível e não acredita nele. Tudo o que ele tenta fazer parece soar como uma afronta, e gera sempre uma confusão.

Ele esta mudado, esta triste, emagreceu muitos quilos, pouco se concentra nas coisas que faz, e perdeu o prazer nas coisas que mais gostava de fazer. A culpa por ter perdido uma mulher tão especial o acompanha, o tira o sono, o sossego.

Ele começa a dar pouca importância as suas obrigações; a casa esta de cabeça pro ar, quase todos os dias chega atrasado ao trabalho e, quem o conhece, basta olhar nos seus olhos para perceber que ele não é mais a mesma pessoa.

Os amigos mais íntimos e a família percebem que ele precisa de ajuda, que está sufocado, cheio da dor da culpa. Tentam levantar a moral dele, levam-no para passear, desparecer, mas parece que ele não se anima e seu sorriso é sempre amarelado. Ninguém sabe mais o que fazer com ele, a preocupação só aumenta, mas parece que ele não quer ajuda, continua sem aceitar aquela perda.

Ele ainda tem esperanças, ainda a quer de volta. Todo aquele sofrimento o fez perceber e ter consciência de todos os erros que cometeu. Ele tenta uma nova aproximação, traça planos para vê-la; Compra lindas rosas, chocolates e sai ao encontro dela.

Ao chegar no trabalho dela, ele fica aguardando ela sair, não sabe qual será a sua reação. Será que ela ainda esta com raiva? (pensa ele). De repente ela vem saindo, ele se anima se prepara para ir ao encontro dela. Mas um homem se antecipa, se aproxima dela, dá um longo beijo e entram juntos em um carro.

Ela nem percebeu que ele estava lá fora, e se foi.

Ele com o coração batendo forte e acelerado, senta em um banco e chora. Não consegue acreditar no que viu. Após um tempo de um choro, ele se levanta joga as rosas e o chocolate no lixo e vai para casa.

Chegando em casa, ele deita no sofá e começa a lembrar dos momentos em que era feliz e não sabia, lembra das coisas que um dia ela fez por ele, mas ele não reconheceu, não deu valor. As memorias são muitas e a culpa só aumenta, a mente se perturba com tantas imagens geradas ao mesmo tempo, a dor é profunda, o sentimento de culpa o consome, ele não aguenta mais, não aceita viver sem ela. Ele corre para o quarto abre o guarda roupa e pega um revolver. Ele esta decidido, não quer mais viver, se ajoelha e dispara, não na cabeça, mas naquilo que mais doía nele; o coração. Ele se foi, não aceitou viver sem ela, não quis continuar. E o que foi feito, foi feito! Não há como volta a trás.

tlbarbosa
Enviado por tlbarbosa em 28/02/2014
Reeditado em 23/04/2016
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