UM QUÊ DE TRISTEZA
UM QUÊ DE TRISTEZA
E como habitualmente em semelhante situação, a conversa, girando em círculos, trazia à mesma tecla tudo o que tinha sido dito, com as mesmas palavras ou com palavras novas, mas marcando uma preferência notável pelos desejos piedosos. A discussão se prolongou até que a escuridão lançasse seu manto e fosse preciso ir embora. E quando isso aconteceu, a tristeza da partida se abateu sobre os corações como um nevoeiro, a ponto de ninguém mais pensar em falar, e o silêncio reinou semelhante ao que precede a tempestade, rompido somente por algumas palavras destinadas no máximo a diminuir-lhe o peso ou retardar as despedidas. Era como se por pena dos que ficavam, cada um lançasse nas costas do outro a responsabilidade de anunciar o fim da visita.
Nesse instante, a velha pressentiu em seu coração o que consumia os espíritos à sua volta e seus olhos condenados à noite piscaram. Seus dedos, em gestos febris e desordenados, brincaram nervosamente com as contas do rosário, e ela atravessou alguns minutos que lhe pareceram sufocantes, apesar de sua brevidade, como esses instantes que o sonhador, às voltas com um pesadelo, espera a queda do alto de um precipício.
Depois a voz de um dos visitantes se fez ouvir:
- Acho que é hora de partirmos. Nós voltaremos para levá-la logo conosco, se Deus quiser!