LÁGRIMAS DE BELLA

Pra muitos, era só mais uma tarde de sábado, não pra Bella que mais uma vez em dez anos chega àquela praça. Como se num ritual, anda entre os brinquedos; Sorri para as arvores; cumprimenta os poucos presentes e se senta num dos bancos. Logo depois, retira da bolsa uma carta e lê em voz alta:

“Olá Clarinha, estou aqui de novo. Busco mais uma vez, rever teu sorriso e ouvir tua voz. Quem sabe, sentir teu perfume no vento. Mas infelizmente, o que tenho é o silencio. Só o silencio que maltrata e me mata aos poucos. Todas as noites, me pergunto como pude não ter a atenção devida. Num segundo, você brincava no balanço, no outro já não estava. No primeiro momento pensei que pregavas uma peça, mas logo vi que não. Como num passe de mágica você sumiu, levada por alguém... Meu Deus, pra onde? Há dez anos faço essa pergunta... Ninguém sabe, ninguém viu. Restou-me a saudade e a esperança silenciosa de um dia voltar a ver seu lindo rosto. Te amo viu? Mamãe...”

Logo depois, ela levanta e vai, deixando as lágrimas que regam o chão da esperança compartilhada com milhares de mães que sofrem a mesma dor.

Nota do Autor: Você que leu este pequeno conto, te convido, independente da sua fé, a fazer esta breve oração: “Pai, o Senhor que é Luz, faz com que haja Luz no coração dos homens. Faz com que a esperança das mães de filhos covardemente arrancados dos seus colos, seja fortalecida; Faz com que nossas Autoridades sejam capacitadas para responder as perguntas; Faz com que o Amor, traga de volta cada uma destas crianças e faz que haja sensibilidade nos corações dos pais e responsáveis para o cuidado especial que cada filho precisa. Restitui a autoridade e o respeito no seio das famílias e nos perdoa por não pensarmos nestes irmãos e irmãs. Em nome de Jesus. Amém”.