Uma Escola abandonada e um ninho de corrupção

Desolação total em meio a um lugar que outrora fora muito frequentado, chamado de recanto de aprendizagens, alegrias, descobertas. Lugar repleto de crianças a preenchê-lo com seus sentimentos, brincadeiras e questionamentos. Mas. Agora jaz abandonada, sem vida e decadente.

Seus corredores, salas e pátios estão repletos de entulhos, fuligem, preservativos e lixos. Um completo desvio da sua planejada finalidade que era abrigar um dos muitos recintos do saber, uma esperança de dias melhores.

Até parece que fora ontem que podia se ver numa dessas salas cadeirinhas em circulo, professoras contando historias, escrevendo e ditando lições. Mas, para onde foram todos que aqui já não estão? Antes o que era motivo de felicidade e apreço, agora é só tristeza e nada mais.

Os dias são tristes, os ratos são muitos em seus ninhos espalhados pela abandonada escola de 1ª à 5ª serie. As árvores estão morrendo, vejo cadeiras quebradas espalhadas por todas as partes, juntamente com louças dos banheiros, mesas, pedaços de gizes e quadros negros despedaçados...

As noites são assombradas pelos fantasmas do passado que passam vagando por todos os cantos de salas aos pátios, das copas aos quintais. Enquanto, o vento frio na penumbra faz balançar um balanço sustendo por uma corrente enferrujada a esfarela-se pouco a pouco.

Chienque, chienque, tilim tilim, reclamam as portas, correntes e os telhados a caírem de dia e de noite. Enquanto os fantasmas presentes passam de pressa chiando correndo.

Essa cena esquálida, destoante com o que deveria acontecer de certo, passa-se nada mais e nada menos que a poucos quilômetros da capital federal do Brasil. Umas das sedes da copa de 2014, vergonha do povo. Dormente pela própria natureza, que foge á luta, calando-se diante de um punhado qualquer de nada, contentando com alguns homens que correm atrás de uma bola por muito dinheiro.

Por que tanto desleixo com o que realmente importa? Por que bilhão em estádios enquanto se corta verbas para reformas de escolas? Essas e outras perguntas estão cravadas na garganta de um daqueles fantasmas agonizante.

Diriam ouso deduzir que aqueles peles vermelhas que um dia estiveram espalhados por aqui declarariam:

- minha alma chora; mais ainda minha terra chora por tantas vidas ceifadas, tanto sangue derramado. Famílias destruídas em aldeias sitiadas e por nada. Somente para nutrir a cobiça, corrupção e maldade de muitos que só querem ver sofrer.

Então, mais um dia se inicia na capital federal enquanto a escola continua fechada, caída e derrotada. Será o destino de outras mais? Pouco talvez importe posto que aqui condecorado é aquele que mais rouba, mata, lesa, empurra no ônibus, exibe os orifícios cutâneos em revistas, desfila pelado na maior festa de acasalamento do mundo, o carnaval.

A ignorância a muito encontrou nas terras do Brasil um berço de aconchegante sossego para viver sem se preocupar. Quanto menos escola melhor será. Afinal de contas não se faz copas com educação.