Lua
Pequena e rude com as palavras, gesticulava pouco
e fazia "caras" ao ouvir o que eu dizia.
Parecia sorrir, porém estava prestes a explodir verdades, naquela
noite libertadora que me serviria de aprendizado. De sua boca
saia grandes verdades. Verdades essa que evitamos procurar e
quando encontramos é como furar a vista que usamos para
ver somente o que queremos.
Nunca usamos a verdadeira visão! Sempre pulamos partes
dolorosas do filme e assim é com a vida.
Ela me disse que o ser humano é livre. No instante que ouvi
foi como um soco na cara.
Namoro, casamento, divorcio é tudo teia da sociedade para
nos prender. Disse que não se encontra o amor em uma noite, que
sentir ciúmes de ficante que acabou de conhecer é perda de tempo.
Me mostrou que o livre arbitro do ser humano, é muito poderoso e
bem utilizado é sinal de maturidade.
Entrou no meu caminho para me fazer chorar, entretanto, foi a
única que viu minha franqueza e não me poupou do que eu
merecia ouvir.
Estamos tão acostumados a errar e em menos de 3min pedir
desculpa, que quando encontramos alguém que não aceita é como
uma guerra perdida. Fica o remorso.. Nos sentimos um péssimo ser.
Estamos tão alienados ao nível de conhecer a pessoa e depois de
6 hs com ela acharmos que é para casar.
Ficou martelando no meu peito como um ataque cardíaco em
câmera lenta:
- Errar e achar que todos aceitam desculpa (raciocine!).
- Pare de se justificar (não muda o erro).
- Chorar (não muda a situação, raciocine!).
- Os seres humanos são livres (todos se quiserem).
- Não existe amor em uma noite (não tenha ciúme de quem
acabou de conhecer).
- Raciocine!
É mais cômodo agir no impulso, essa é a desculpa para
errar e cometer atitudes imbecis. O raciocínio é o famoso
"cair na real". Amargo, mas salva.
Pessoas como a Lua dói, porém liberta!