O instante
Parou, com a mão na porta de entrada e olhou a sala de estar.
Cinzeiros repletos de guimbas e a garrafa de uísque vazia, sobre a mesa de centro.
O televisor ainda ligado. Sentiu a boca seca. Atravessou o corredor, foi até a cozinha e bebeu dois copos d’água. Pela porta entreaberta,viu a esposa dormindo,
Braços cruzados sobre o peito. O gris dos cabelos espalhados em leque, sobre o travesseiro. A madrugada definhava. A porta da garagem, ainda por fechar. O portão da rua, já aberto. Inclinou-se, e pegou a sacola de lona.A neblina matinal começava a molhar o carro.
Virou- se para sair e avistou o velho andrajoso, na rua, virando a lata do lixo. Fechou o portão. Entrou. Deitou no sofá e voltou a dormir. No relógio da sala, cinco horas da manhã.