Uma vitória.
Vitória estava indo em direção ao restaurante para almoçar. No caminho passou por um mendigo na rua, enquanto almoçava sentiu pena do pobre coitado que estava do lado de fora sentindo fome.
Quando terminou de comer, A moça resolveu fazer uma marmita e a entregou ao morador de rua, afinal, ela tinha dinheiro, não seria nenhum prejuízo, então por que não ajudar?
Ao entregar a comida, o pobre senhor, todo sujo, esfarrapado, logo mostrou um sorriso sincero de alegria, e disse.
-Não tenho muito para lhe oferecer em troca, por favor, deixe-me te presentear com uma poesia.
Vitória apenas balançou a cabeça positivamente.
"Corações congelados.
Passam por mim noite e dia.
Deles só percebo os passos.
Ninguém sente minha agonia.
Mas hoje foi diferente.
Pois tu me trouxeste alegria."
-Me chamo César, esta poesia é de minha autoria, mas agora é sua, eu dou ela pra você.
Depois disso, César começou a abrir sua marmita e comer. Vitória foi pra casa pensativa, aquele senhor não era um morador de rua comum, ele tinha algum conhecimento, falava bem, articulava de forma correta as palavras, sabia compor poesias, com certeza teve algum estudo por que estava morando na rua? o que teria deixado ele naquele estado?
Dias se passaram, Vitória estava passando perto daquela rua onde havia encontrado César pela primeira vez, parou no restaurante, almoçou e fez novamente uma marmita para oferecer ao poeta que ela não sabia quase nada, mas tinha muitas perguntas para fazer.
Quando chegou no local onde César deveria estar, ele já não se encontrava mais lá, Ela até o procurou nas redondezas, mas nada.
-Bem, alguém tem que ficar com essa marmita, o que mais tem no centro dessa cidade é mendigo, vou andar por ai até encontrar algum.
E foi o que ela fez, andou, até encontrar um homem deitado perto de algumas sacolas grandes, chegou perto e entregou a marmita para ele, o homem feliz, disse.
-Por favor, não vá embora, me deixa te fazer uma arte.
Então pegou uma cerâmica numa das sacolas e em outras tirou algumas tintas, começou a pingar e esfregar esses pingos de tinta na cerâmica que começaram a ganhar formas e cores, quando finalizou, deu à Vitória sua arte.
Era um quadro lindo no ponto de vista da jovem, uma praia, com um pôr-do-sol, algumas palmeiras balançando ao fundo com o vento, pássaros voando, as ondas do mar balançando em direção à areia, algo digno de um grande artista.
Este quadro também fez Vitória pensar, o que alguém com este talento faz nas ruas? por que ninguém se importa com eles? Vitória não tinha as respostas, ninguém as tinha.
Ela guardava com carinho a poesia, o quadro e ao longo do tempo, vários outros presentes que havia ganhado de várias outras pessoas, que ela talvez nunca mais fosse ver, sem entender porque as coisas eram do jeito que eram.
Vitória não queria mudar o mundo, só queria entendê-lo. Ou talvez, ela não quisesse mudar as pessoas, só entendê-las.