OITO AMIGOS E SETE MORTES

Era o ano de mil novecentos e oitenta e dois, estávamos ansiosos pela chegada de Ella.

Eu, Don, Will, dão, rato, iço e russo. Don abriu um pacote e de La tirou algumas cartelas de opitalidon. Cada um de nos tomou dez comprimidos que “chamávamos bola” e trinta minutos depois estávamos todos rindo e viajando ao som de Pink floyd.

Por aquela época meu peso era de sessenta e dois quilos para uma altura de um metro e oitenta de altura e olha que eu era o mais gordo da turma. Vivíamos na geração psicotrópica.

Não estudávamos, trabalhávamos vendendo bugicancas na "tora' na feira Rippie, éramos como zumbis nas ruas de BH e cordovil uma vila perto do centro. Já havia duas semanas que Ella tinha ido com o nosso dinheiro para o Rio de janeiro comprar uma caixa de amosterona em liquido e alguns doces, pois em BH era muito caro. estávamos invernados nas químicas e moderadores de apetite. Mas gostávamos mesmo era do pico na veia e viajar quarenta e oito horas através da madame amosterona.

Era uma terça feira fui visitar minha mãe e meu pai evangélicos, queriam levar-me para a igreja, mas eu resistia não acreditava em nada, mas fui ficando por ali acabei cedendo e fui fazer uma visita na igreja e algumas coisas que uma velhinha dizia ali no altar serviu pra mim e por incrível que pareça não estava sentindo falta dos doces e comecei a crer naquele Deus que eu desprezava. Já tinham passados quase uma semana que não via meus amigos e resolvi ir vê-los e pegar minha parte de minha senhora, para talvez negociá-la. Chegando lá estavam todos se aplicando, pensei naquilo que ouvi da velhinha da igreja, resiste e sai correndo para não cair em tentação. Todos ficaram rindo de mim. Sai e fui para o parque municipal para refrescar a cabeça. Andei pelas ruas da cidade, tomei algumas pedras mas algo não permitia que eu atravessasse o túnel que leva a cordovil,

Voltei para casa de minha mãe. Passaram se dois meses sem ver o pessoal, foi quando alguém bateu a campainha, era Wiil. Estava triste e mais magro que antes me cumprimentou com um abraço. Pediu- me para levá-la a igreja que eu fui talvez Deus pudesse fazer algo para ele e chorando me mostrou um exame de sangue aonde dizia que ele era aidético, disse-me ele que no ultimo dia que eu estive com eles aonde todos se aplicavam com a mesma seringa. É que Ella veio do Rio contaminada com o bichinho e passou para todos e todos estavam mal.

Então eu com lagrimas nos olhos o abracei(meio que com medo é claro pois na época não tínhamos quase nenhuma informação sobre aquela peste) Wiil foi-se embora e na semana seguinte fiquei sabendo que eles morreram; Wiil na segunda feira, Don na terça, russo na quarta, iço na quinta, dão na sexta, rato no sábado e Ella no domingo só sobrou eu pra contar esta triste historia de oito amigos no qual sete morreram tragicamente pelo sangue.