Conversa fiada

_ E aí, João, tudo bem?

_ A porcaria de sempre!

João e Pedro, dois amigos, como tantos outros que ficavam espontâneos e livres de amarras ao se sentarem em seu boteco preferido e beberem uma ou várias cervejas acompanhadas de um bom petisco e, claro, atirando e desabafando as incoerências e assuntos do dia. Chegaram por volta das 15:30 e sempre nas sextas. João era casado, Pedro, solteiro. João era jornalista e Pedro, advogado. Após algumas cervejas, Pedro pergunta:

_ João, o que te tira do sério?

_ Como assim??

_ Uma coisa que te deixa irritado?

_ Ah, nome de rua ou prédio em que o proprietário ou qualquer idiota viaja ao exterior e fica deslumbrado, voltando nomeia tudo com nomes estrangeiros, é uma total imbecilidade!

_ E você?

_ Mulher que não gosta de dividir a conta!

_ Como assim, Pedro?

_ Saímos para beber, curtir e transar. Por que não dividir a conta? Os dois curtiram? têm que dividir!

_ E quando só um curtir?

_ Ah, quem não curtiu deveria pagar sozinho, quem mandou estragar o prazer do parceiro? hahaha!!!!!

_Agora você, João.

_ Pessoas que reclamam sem embasamento nenhum, repetem aquilo que os outros ou os jornais escrevem como se jornais e televisão mentissem pouco, repetem como se fossem eles o criador do que reproduzem, que na verdade foram colocados neles, através do que eles escutam!

_ E essas meninas metidas a patricinhas que andam parecendo que estão com vontade de urinar e segurando uma bolsa na articulação do cotovelo, braço dobrado e mão para cima, óculos escuros e o olhar de desaprovação como se tudo ao seu redor fosse brega. E na verdade elas é que são a piada! hahaha!!!

_ Já percebeu que nos locais de pagamento, bancos, lotéricas, na fila do caixa preferencial determinadas pessoas colocam uma criança nos braços só nos momentos de pagamento, tão logo pagam, colocam a criança no chão na maior caradura?

_ Outra coisa que de vez em quando cria confusão é você chamar o outro de senhor ou senhora, acham que estão ofendendo e não os tratando de forma respeitosa.

_ É, acham que os estão chamando de velho.

_ Olha o tamanho da fila da casa lotérica, vou fazer minha fezinha. Dona Rita, venha aqui, por favor, de quem é aquele bebê ali?- perguntou Pedro à proprietária do boteco.

_ É da minha sobrinha, seu Pedro. Por quê?

_ Traga-o aqui, por favor!

_ Tudo bem.

Dona Rita, traz a criança e a entrega nos braços de Pedro.

_ Não sabia que o senhor gostava de criança, seu Pedro.

_ Nem eu, dona Rita, vou apenas fazer meu jogo, logo logo o devolvo.

Genivaldo Ribeiro
Enviado por Genivaldo Ribeiro em 18/01/2014
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