O buraco da minhoca moderna.
Seu Nestor, morador de rua, vivia pelos lados da grande obra, metro Pinheiros.
Paulistano um dia abastado, apostava suas comendas em ações, era lucro certo, vivia em palacete nos jardins, fazia parte de uma minoria, herdara pequena fortuna de seu pai, um antigo mascate que fez fortuna, de porta em porta, vendendo tecidos.
Rodava pelo interior do estado, visitava lugarejos, fazendas e de fazendas em fazendas, foi acumulando seu patrimônio.
Patrimônio maior era sua capacidade de convencer, e todos esperavam pela grande novidade, assim era sua vida, de cidades em cidades foi sendo conhecido, até que finalmente cansado de viajar, resolveu montar sua pequena loja.
E foi no Braz que se firmou e a cada dois anos dobrava seu faturamento, e foi assim que apostando em seu sucesso, a cada cinco anos, nova loja, chegou a três, em pontos muito bem escolhidos.
Voltando ao seu Nestor, com toda a fortuna acumulada por seu pai, vendendo tecido e com boas escolas, as mais caras que o dinheiro podia pagar.
Veio o plano Collor, já deu lhe uma abocanhada muito grande em seu patrimônio, e depois, já sabem o que sucedeu, tentou voltar no tempo de seu tão saudoso pai e virar mascate, que muito sabia mas que não conhecia a fundo como seu velho.
Mas os tempos eram outros, a concorrência com excelentes vendedores, alguns até com pós-graduação e outros com M.B.A. e cada vez percebia que o dinheiro que tão fácil veio em especulações e aplicações de risco, foi se acabando.
Achava que não deveria dividir sua fortuna com ninguém, sem um esteio, uma base familiar, esposa; seu Nestor acabou sendo despejado de sua mansão, vitima de seus próprios investimentos. E seus bens confiscados pelos credores.
Estava ele bem na grande obra quando de repente sentiu o chão tremer e se abriu feito um grande buraco, levando-o para baixo, o buraco era grande. uma verdadeira cratera. O buraco da minhoca moderna.