Nem as luzes da cidade nem o escuro de um abrigo
Já caminhara muito até ali. Seus pés cansados batiam pesadamente contra o chão quente. Sobre sua cabeça, todo o peso das nuvens, constelações, civilizações. Chegara finalmente ao ponto crucial: à sua frente seguiam dois caminhos.
Não conseguia falar, sua garganta estava seca. Os olhos ardiam à menor brisa. Cansaço era tudo o que possuía. Ao seu redor, todos festejavam e sorriam. Mas ela não. Ela sabia que por dentro, todos eles gritavam por socorro.
O mundo era absurdo. O barulho a atrapalhava, mas ela tinha uma decisão a tomar. E essa decisão ela teria de tomar sozinha.
Afastou-se de ambas as estradas, abrindo espaço entre a multidão; espremendo-se entre os estranhos e febris rostos. Andou por horas a fio, até o barulho ser apenas um zumbido baixo. Atravessou escuros desertos e inúmeras vezes pensou em terminar com tudo. Porém, quando suas forças estavam diminutas, encontrou um bosque.
O tal bosque Solidão. Conformou-se com o destino. Sua escolha era sensata. A vida era absurda demais para ser compartilhada.
p.s:
Título: Nossas vidas - Engenheiros do Hawaii