O Velho Diante da Juventude

O VELHO DIANTE DA JUVENTUDE

Hoje eu acordei cansado, desanimado, sem animo. Ainda ouço as palavras de meu filho, ferindo meu ouvido profundamente:

- Pai você esta dando muito trabalho, quantos na sua idade ou até menos já morreram e você fica aí tomando remédio lutando para continuar vivo, até onde você quer ir cem, duzentos anos. Para com isso...

Fazia tempo que eu não chorava copiosamente, como aconteceu ontem. Nem mesmo nos seus dias de árdua luta para criar os seis filhos que tivemos.

Não teve estudo e na luta diária na única profissão que aprendeu de Marceneiro, conseguiu formar três deles e os outros a idade já não ajudava, pois casou-se já com trinta anos. Conseguiu dar a eles educação de berço, bom comportamento, respeito, honestidade, Mas não sabe que rumo este caçula, desvirtuado dos irmãos está com estas ideias ruins na cabeça. Enxugou as lagrimas mais uma vez e ficou ali parado com um olhar solto no vazio. A esposa havia falecido a dois anos e este filho veio morar na casa do pai trazendo consigo uma jovem que não tinha mais que uns dezessete anos de idade. Disseram-lhe que pretendiam casar, assim que arranjasse um emprego fixo.

Mas de uns meses para cá a situação estava insustentável, todos os dias o filho discutia com a namorada e depois descarregava a raiva no pobre velho, que para não piorar a situação ouvia tudo calado, embora estivesse em sua própria casa.

Ele continuava com seus dolorosos pensamentos. O que fazer? Era um católico fervoroso e não admitia a apótese de tirar conscientemente sua própria vida, dizia só Deus tinha este direito.

Mas o dia anterior ele se sentiu muito agoniado, muito aborrecido com as palavras que o filho usou contra ele, e isto era uma coisa que ele jamais admitiu ouvir de um estranho estava ouvindo do filho a quem ele mais teve amor, por ser o caçula.

De repente ele sentiu algo estranho, uma dor diferente e muito forte. Começou a soar frio e teve uma ânsia de vomito, mesmo sem ter nada no estomago.

- Hó meu Jesus, me ajude . Olhou encima do criado e viu seu terço ali perto, o qual rezava varias vezes ao dia. Virou-se com dificuldade para pega-lo. Mas no torcer o corpo a dor triplicou, causando-lhe um súbito desmaio. Acabou caindo de cara no chão.

Justamente na hora que a moça entrava com uma caneca de café que acabara de coar.

Ela deu um grito, e pediu socorro ao marido que estava acabando de sair no portão. Este entrou correndo no quarto e vendo o pai caído se aproximou para ajudar a levanta-lo.

A testa e as duas narinas estavam ensanguentadas é ele de uma palidez impressionante .

-Traga uma toalha para estacar o sangue, mas em segundos a toalha estava ensopada.

Recostaram-no em dois travesseiros, mas a cabeça caiu para frente, o filho tentou posiciona-la mais em pé , mas viram que os olhos estavam muito abertos e o queixo caído. Nada mais tinham a fazer, tinha acabado de morrer.

O filho corria de um lado para outro sem saber o que fazer, ponha as mãos na cabeça e começava a gritar: Meu pai...meu pai....meu pai.

O peso do arrependimento o punha em desespero, quanto mais ele refletia em cada palavra que havia dito ao pai, quase explodiam seus miolos, um arrependimento insuportável quase o levava a loucura total.

Assim o pobre velho acabava de cumprir o seu destino aqui na terra e estava a caminho de um segundo estagio após a morte, neste porem sem o corpo físico e, portanto já livre das dores terrenas, agora só restava percorrer um novo siclo de purificação que o levará depois de purificado a uma nova etapa até e de ciclo em ciclo até atingir seu destino final , já livre de impurezas e apto a desfrutar de uma vida perfeita junto de Deus.

sSantAna

Phósforus
Enviado por Phósforus em 31/12/2013
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