MINHA RUIVA?
Lá estava ela. Simples com seu vestido azul e um óculos escuro cobrindo a beleza de seu rosto. Meiga com cabelos ruivos, ela já mandava no meu coração. Seu nome? Não sei ainda.
Prá que se preocupar com identidade? O certo é que no ponto de ônibus a bela ruiva - como eu chamava - retinha olhares dos homens e mulheres tamanha beleza ela irradiava.
Sempre às 6h 30 m eu fazia questão de estar na parada de ônibus que ia para o centro de São Paulo.
Nos feriados já sentia falta do perfume da minha ruiva. Os ônibus não circulavam com frequência nem aos domingos, muito menos nos feriados.
Realmente nesta terça-feira que é véspera de fim de ano pensei em falar com ela e me apresentar, porém ela não estava no horário que sempre pegava o coletivo. Estranhei, pois hoje não é feriado e todos trabalham... Alguém gritou ao meu lado:
_ Onde está Fátima?
_ Sei não - ouvi uma voz rouca.
Seria a minha ruiva?
Fiquei observando a pessoa que perguntara por ela.
_ O ônibus já vai sair e ela ainda não veio. Calma motorista, sem a Fátima ninguém sai daqui.
O clima ficou tenso.
_ Meu amigo- disse o motorista- eu tenho horário a cumprir - talvez ela vai pegar o outro horário...
_ Ufa! Já estou vendo .Ela está correndo para não se atrasar.
Olhei para todos os lados e vi minha ruiva com um belo vestido vermelho sorrindo e agradecendo ao motorista por ter esperado uns segundos.
Na verdade só saberei quem é Fátima no dia que minha timidez me deixar falar com ela.
Passarei o fim de ano esperando até quinta -feira só para vê-la.