O tom da vez: O vulgo e o letrado
Um conto, um tonto e uma bela moça...
De um lado a moça, com seus cabelos redondos, um quadril transpassado de vantagem, um olhar suave, e um caminhar elegante, enquanto do outro lado, todo o universo em verso, em prosa, em tagarelice; E Alice, a moça, na função de substância, pairando sobre os adjetivos elogiosos que recebera:
-- Bela..
-- Estupenda...
-- Graciosa..
Enquanto na outra ponta, um pesquisador de semblante vivo, inconformado com a quantidade de adjetivos que por hora se passara, e atentado pela concorrência da qual se entediava senão participasse, sobre suas duas pernas lentas, solta num rodopio e declama:
-- Natureza... Quão Gloriosa! --Deve-se a ser divina..
Então a moça, que de tantas passadas acostumada a elogios, surpresa com o pesquisador e curiosa com o que deveras, de súbito exclama;
--Ah Éh! E Prossegue..
--Ahh Éh!
E de imediato se cala.
O pesquisador, atônito com aquelas vogais, (A, E), pensara sobretudo sobre o que significava aquelas vogais, assim tão soltas, e pensava também que por outro lado, não podia perder o desafio que se predestinara naquele momento, a saber, o apreço da bela moça. Sem mais poder esperar, e tendo refletido um pouco, conclui igualdade, -repetirei as mesmas vogais, mas conclui, serei repetitivo. Então na medida, nos extremos, (a, e), conclui que existem dois extremos, a saber, duas vogais; fica assustado, sem conseguir destinar uma suposição de cálculos que estabelecesse uma mediana, sem mais delongas conclui:
-- Ehh! (com o "hh" significando extensão da vogal). E repete..
-- Ehh!! E gosta
-- Ehh!
Ele aliviado por dizer, olhava para a moça. Por instantes a cena se paralisou.. A vogal estava suspensa, o significado significando, e o encontro tonal acontecendo. De repente, salta avexado o pesquisador, e como que se quisesse marcar terreno, adianta:
"-Ohh"...
Não bateu no peito como os gorilas, mas colocou sua vogal de macho, de homem, de uma voz grave, tendenciosa e finalizante.
A moça frustrada com a perda de suas duas vogais iniciantes, encerra o assunto. "Ui.."
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Quem desejar nota; É importante salientar que, acrescentar mais uma vogal no caso do "Ui" dito no final do diálogo pela moça, diz respeito senão ao fui ou mais um conjunto racional de significados, também a uma expressão que diz respeito à dor e a prazer. Salvo outros pormenores, ter prazer e dor, ou de outra forma, aprender com os extremos que se seguem na experiência, diz respeito ao aprendizado fundamental do homem para ser um virtuoso, segundo Aristóteles.
No caso desses extremos, digo ao que se deve no homem sobre a predominância da voz aguda e da grave, sobre aquele que diz naturalmente no que tange ao masculino e ao feminino, nesse também, naturalmente, para que a harmonia funcione, letrado ou vulgo, o que salva a conjunção se deve ao que parece ser uma harmonia tonal natural de contrários.