Zé da Égua.
É sabido que no meio rural os adolescentes e mesmo rapazes taludos aliviam seus libidos em animais, pelo menos era assim no meu tempo, talvez porque o sexo era muito reprimido. Éguas, cobritas e mulas era a saída para descarregar a natureza. Há muitas piadas deste sexo animal. Conheci pessoalmente personagens sobre sexo literamente animal.
Zé, não me lembro o sobrenome, era filho de um médio fazendeiro no interior das Minas Gerais. Era noivo de uma das moças mais bonita da região, causava inveja na rapaziada da época. Em uma bela manhã, ainda o dia lusca fusca, o Zé encostou uma égua no barranco em uma curva da estrada que dava para o povoado, para transar com a tranquila equina. De repente sua noiva e os pais deparam com aquele quadro obseno . O rapaz ficou ali travado, paralisado, o futuro sogro tomou a iniciativa. “Ô Zé arreda sua família da estrada, eu preciso passar com a minha, não posso perder a missa das sete”. Ali foi o fim do noivado, o Zé nunca mais voltou a casa da noiva, com certeza de vergonha. Contado debaixo de segredo em segredo, a notícia se espalhou. Ele ganhou apelido de Zé da Égua.
Em 25 de Dezembro havia o costume de galhofar com pessoas que cometiam gafes durante o ano, faziam um grande boneco que chamavam de Judas, Escreviam-se um Pisquim, palavra matuta distorcida do literário Pasquim . Eram versos satíricos, narrando as gafes das pessoas. Reuniam-se no buteco do Mathias em uma encruzilhada, de uma estrada de terra na roça. Era lido em voz alta e acompanhadas de gargalhadas da plateia. Zé da Égua foi premiado com um verso.
Se Zé tem dinheiro,
Isso ninguém nega,
Dos animais da fazenda,
O Zé casou com a Égua.
O verso deu briga com bate boca e bate na boca.
Felizmente não houve morte.
Eu sabia quem escreveu os versos, mas não contava nem que vaca tossisse.
Lair Estanislau Alves.