Exclusão
EXCLUSÃO
MONALISA tinha três paixões ler, escrever e escrever, três ou duas?
A segunda foi repetida para dá ênfase e assegurar que era realmente o seu maior delírio. Desde tenra idade já manifestava o interesse pela leitura e pela escrita, ler era seu
Hobby , quando o dia terminava, o Sol se recolhia por detrás da serra dando á Lua a oportunidade de aparecer no céu bordado de estrelas, os casais Suspiravam apaixonados e se desdobravam em grandes juras de amor.
Quando as crianças inocentes se recolhiam com seus anjinhos a lhe acariciarem seus cabelos e tudo na cidade era calmaria e silêncio, MONALISA estava lá, no quartinho dos fundos da casa onde na mesa forrada por uma toalha branca repousavam folhas, canetas e livros. Ela lia embevecida pelo prazer que a leitura lhe proporcionava, na sua mente se desdobrava o cenário e passava de simples leitora a personagem.
A luz do candeeiro, ás vezes, tornava-se enfraquecida e as letras se embaralhavam, ora pareciam pequenas demais, ora grande demais, ás vezes nem mais existiam, neste momento se ouvia do outro lado da porta a voz fina de sua tia que chegava a ser estridente.
_MONALISA, apaga este candeeiro e vê se dorme amanhã tem que acordar cedo!
Você só vai sossegar quando atear fogo na casa, além do que, preste atenção, você ainda vai sofrer das vistas ! Não sei o que tanto escreve.
MONALISA apagava o candeeiro e, em alguns segundos , ouvia passos de sua tia se distanciarem.
Até que enfim! Murmurava ela.
Muitas vezes ainda esperava um pouco para se certificar que sua tia não estava a espiar.
O candeeiro voltava a iluminar aquele ambiente, ela o olhava como se lhe pedisse segredo e a chama fraca que ele dispunha oscilava como se estivesse a concordar em manter o sigilo.
A caneta deslizava no papel com tamanha presteza como se ela estivesse a copiar de, seu fiel e velho companheiro,algum escrito, ou que alguém lhe ditasse palavras, mas apenas ela e o candeeiro, seu fiel e velho companheiro, estavam ali cúmplices inseparáveis aguardavam a noite chegar para se encontrarem entre contos, poesias , poemas, cartas, eles passavam a maior parte das horas ate que , vencida pelo cansaço, e ele vencido pela falta de querosene, repousavam muitas vezes . ela debruçada sobre papéis , ele do seu lado sobre algum livro que lhe fazia ficar mais alto.
Os dias foram passando, MONALISA foi crescendo e as noites agora eram diferentes, nem sempre dispunham de tempo para ler e escrever como antes.
O dia também era convidado a fazer parte de suas leituras, lia no ônibus, escrevia entre uma pausa e outra Para o repouso , com o tempo , muitas responsabilidades lhe foram atribuídas e agora o candeeiro descansava, guardado na prateleira onde também descansavam um porta- lápis de madeira , centenas de manuscritos , livros antigos , do lado á antiga mesa junto a cama simples que permaneceu sempre arrumada , a porta sempre fechada e nunca mais se ouviu a voz da tia a pedir que MONALISA fosse dormir e aquela luminosidade do candeeiro nunca mais foi apagada porque nunca mais iluminou mais nada.
MONALISA continuava a escrever e grande era a sua satisfação em criar, no entanto, agora dispunha de outros meios que a tecnologia lhe oferecia.
Na faculdade amigos e professores apreciavam sua arte e, assistindo a um filme que se narrava a história de universitários que criavam um grupo onde todos deveriam participar apresentando seus trabalhos, ela interessou-se e, por muitos dias procurou o amigo a fim de participar , ajudar na organização e no que fosse preciso.
Uma noite porém, recebeu das mãos de um deles uma carta convite para participar de um grande evento e descobriu alguns colegas organizaram tudo e, mesmo sabendo que ela
Pertencia a mesma turma e expressando o desejo de ajudar, havia sido excluída, seria uma ouvinte ou mera participante, talvez.
MONALISA sentiu-se triste, chorou durante toda a aula sem conseguir sequer levantar os olhos para o professor comentou com um dos amigos, responsável pelo tal evento narrou sua mágoa, indagou o porque tinha sido excluída se fazia parte daquela turma e anteriormente tinha deixado explícito o desejo em colaborar?
A resposta foi meio daquelas que já conhecemos quando a pessoa delicadamente, quer dizer que você entendeu tudo errado! Parece que nada foi pensado antes.
Quando MONALISA seguiu pela rua sem direção á sua casa, tudo era silêncio, sua alma também silenciava, grande era a dor que lhe afligia. A pergunta sempre a mesma:
_ Por que foi ignorada , excluída? Seguia pensando.
Talvez seja eu uma estrela sem brilho algum, uma coadjuvante ou figurante na peça da minha vida, e grossas lágrimas escorriam pela face e desciam pelo queixo, não tendo mais para onde ir, respigavam na blusa acinzentada .
Assim que chegou a casa, abriu a porta, guardou os livros e o corpo pesado caiu no sofá.
Na estante tomou seus antigos escritos, entre eles havia uma poesia muito antigo, sentiu saudades do aconchego onde, por tantas noites, no quartinho dos fundos se deliciava com seus papéis , livros, era um encontro marcado.
Pegou as chaves, desceu as escadas e foi ao quarto dos fundos, abriu a porta que rangeu com grande barulho, procurou o interruptor, agora outra luz iluminava. Mas na prateleira
estava o candeeiro, correu para ele, o tomou nas mãos e o apertou contra o peito.
Falou baixinho para que ninguém a escutasse:
- Hoje só nós dois estamos aqui como nos velhos tempos.
POLLY HUNDSON