O que outrora era, já não sou mais
minhas limitações foram-se aumentando
cada manhã sou uma criatura diferente
as forças se vão sem nem avisar nada,
minhas pernas não são as mesmas,
o teclado que antes manejava com maestria
agora meus dedos são lentos, troco as letras
perco de vista as teclas que me eram íntimas
abro a porta da rua nada vejo...
minhas feições estão mudando cada dia
sinto falta de mim, linda e sorridente!
Sentada espero a vida vir de encontro a mim,
minhas telas as olho penduradas nas paredes
outra no cavalete limpa sem uma cor sequer
não sinto emoção, o nada é nada mesmo,
meus livros filhos paridos por mim não me alegram,
os olhos nem abro...
Como lutei para ter inspiração, escrever,
não faltavam emoções para que os fizesse
agora os olho mas não me surpreendo!
O vazio que sinto no peito nem sei
descrever, são sem definições.
O que há nas ruas que tanto andei?
agora não sei o que há de novo!
Só a cama é meu limite,
tomar banho pra que ? pra quem?
nem sei mais o odor dos perfumes franceses
que tenho no fundo do armário eles enfeitam.
Me recuso receber visitas
fico satisfeita com meu marido
e Luci...o nome dela sei que não é este
mas eu a chamo assim pra não sair da mente
que esvai-se devagar ela é um anjo, cuida de mim...
Meu filho há meu filho! O que será dele
quando não o reconhecer mais
o amor sei vai está aqui, e ele?
quem o abraçará e dirá filho te amo
és lindo! Será que a ele reconhecerei?



 

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