O nada

Tinha o passo rápido, por vezes lento. Gostava de caminhar por aquela estrada, sentindo o vento bater nas folhas das árvores, compondo uma melodia que aquecia seu coração e lhe devolvia a paz. Voltava-se para si mesma, absorta em seus devaneios. Respirava fundo e sentia o doce cheiro da terra misturada com seus sonhos. De repente, as pessoas lhe pareciam cheias de vida e podia sentir a história que carregavam... como se estivesse lendo um livro. Pensava na vida e como nesse instante, lhe parecia tão simples. As coisas se desvaneciam. Punha-se calma por nada. O universo parava... como numa fotografia. Mas a foto se mexia, em movimentos sutis. Não sabia do tempo. Talvez nesse momento nem existisse. Era um reflexo da eternidade. Pensava se isso poderia ser rompido e intuía com mais força aquele instante. Sentiu que sempre havia estado, de alguma forma, presente na história de todos os tempos. Não, não era grande... nunca tinha sido. Mas ao mesmo tempo era todos e os outros lhe invadiam. Personalidade difusa. Nunca tinha certeza de si. Evitava falar, com medo de se perder nas palavras....com medo, de se esquecer de si.

Pescadora
Enviado por Pescadora em 19/04/2007
Código do texto: T455815
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