AO ÚLTIMO DA FILA
Ao último da fila
Novembro:
Preparo meu embornal surrado, meu lenço geometricamente desenhado, a bagagem de mão, uma saudade doída e uma lembrança bôa. Vasculho o quintal, todas as portas do corredor, vedo as fechaduras e me aprumo com meu vestido de flores e minha rala cabeleira.
Engraçado como Novembro chega sempre apressado!
É que ele não conhece minha mania de chegar sempre atrasada. Mas, Novembro não faz por mal, precisa respeitar o calendário. Nunca liguei para o calendário. Vai ver, por isso ele chega sempre me afobando, me apressando._calma! Posso ao menos tirar as roupas do varal?
Volto para o embornal. Com lençóis velhos, cubro toda a mobilia. Novembro me pediu um tempo. Devo deixa-lo, do contrário, ele se zanga e não sai do lugar. Ai, como fica o calendário? Dizem que a vida não pode parar e que o tempo voa. Logo após uma pequena pausa, sono leve, alguém bate à porta _ Quem é? _ Sou eu, o último da fila. Abro a porta, todas as janelas, acendo as luzes e o melhor incenso. Dezembro chegou!