SEM DESTINO
SEM DESTINO
Chovia torrencialmente.
Em menos de meia hora as ruas já estavam alagadas. A enxurrada arrastava tudo que estivesse pela frente. Um monte de arreia, que alguém não pensou que pudesse ser levado; um monte de cisco: folhas, gravetos e lixo; os restos de um guarda-roupa jogado fora; um cachorro morto; um gatinho vivo... espera aí! Aquela garrafa de plástico, de 3,3 litros, do refrigerante Pepsi, teimava em não ser levada.
Numa curva da rua, junto ao meio fio, por puro acaso ou obra do destino, estava parada, ou melhor, se balançava ali, onde uma pedra, destas grandes e pesadas o suficiente para não ser aluída pelo turbilhão das águas e nem pelo redemoinho dos ventos. E neste estacionamento da referida pedra, formou-se uma poça de estagnação da enxurrada; e, a garrafa pet dançava, ao sabor das ondas, para frente e para trás, sem transpor a pedra.
Eu assistia tudo de camarote, ou seja, da janela do meu quarto.
Para ser contra, como aquele que torce pelo jacaré, no filme do Tarzan, eu torcia pela garrafa contra a enxurrada. A cada marola que atentava com força sobre a garrafa; eu da minha posição... podem acreditar! Até orava para a vitória da garrafa. Mas parece que os anjos das enxurradas destrambelhadas também estavam de plantão, foi só pedir ajuda e eis que estes deram um jeito e empurraram a garrafa rua abaixo.
Saí feito um bólido porta afora, atravessei o portão, corri sob a chuva, na tentativa de alcançar e pegar a garrafa. Aos trancos e barrancos ela pulava, rodopiava, rodava e ia para destino ignorado. Fiquei ali, molhado feito pinto, também sem (destino)...