PROMESSA
Acordou às quatro horas. Nada de anormal. É seu horário costumeiro. Hoje, no entanto, o que tinha mesmo era vontade de ficar em casa, dormir mais um pouco, recuperar o sono que ontem perdera. Puxa vida! Extrapolou. A mina era mesmo de perder o horário. Mas pode? Quando tiver seu próprio veículo, aí sim, poderá se dar ao luxo de matar um dia de trabalho. Por enquanto...
Olhou para as mãos, com palmas voltadas para ele, contra a lâmpada. Idiota, xingou-se. As pontas dos dedos arredondadas, os tocos de unhas na metade do que deveria ser. Jamais isto o havia incomodado. Roia as unhas desde sempre. Mas a mina não gostou. Disse que era vício feio. Teve vontade de responder que feio era a pu... Porém engoliu o palavrão. Afinal, tanto tempo estava sem alguém. E Berenice não era de se jogar fora. Então, a promessa: jamais roeria as unhas.