FELICIDADE

Vovó andava como se se flutuasse. Eu não via suas asas, mas tinha certeza que ela levitava e por onde ela passava ficava no ar um leve cheiro de alfazema misturado com o de gente que nos faz feliz.

Vovó era assim. A começar por seu nome – FELICIDADE -. Ela s. e deslocava como se não tocasse o chão e quando passava era só uma brisa perfumada que se aproximava. Assim sabíamos que ela estava próxima.

Quando estava na cozinha sempre havia um cheirinho de linguiça frita (que ela adorava), acompanhada por pirão de feijão. Noutras vezes era o cheirinho de torresmo com café fresco que ela mesma colhia no quintal, secava, batia no pilão de madeira e passava num coador de pano que tinha em seu bule de barro sobre o fogão à lenha.

Até hoje eu não sei se ela era mesmo minha avó ou apenas a felicidade disfarçada de gente, naquela pele morena que me dava beijos estalados na bochechas.

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19.10.13

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 19/10/2013
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