Pequenas histórias 005

Descobri uma coisa

Descobri uma coisa desagradável que acontece comigo. Não sei como relatar aqui, incluir nestas pequenas histórias.

Acredito que muitas coisas desagradáveis acontecem com todos. O único problema, não sei se posso dizer que seja isso, por que não é, mas ninguém admite o que acontece consigo próprio. E o medo do vexame, da pilheria, da gozação, enfim, ser taxado disso ou daquilo, e assim, ver-se como o palhaço da família ou da turma do serviço ou da escola. Não sei, não vejo o porquê esconder o que se passa com a gente. É claro, não vamos fazer da nossa vida um livro aberto onde todos podem ler os segredos, os escondidos, mas algumas coisas poderiam saber para o próprio bem da pessoa. Tenho uma teoria: você falando daquilo que te incomoda, você sanará a dor, ficará livre do que lhe aterroriza, entende? Não que, o que descobri sobre mim, seja aterrorizante. Não, nada disso. Imagina. É que é ridículo mesmo, perversamente ridículo.

Já repararam como o ser humano é feio e bonito ao mesmo tempo? Fisicamente ele é bonito, sua aparência que é feia. As pessoas se descuidam pensamentos errados, preconceitos, orgulho e outras coisas. A beleza do ser humano vem toda da mulher, pois sem ela não haveria uma harmonização estrutural. Pois ela recebe em seu interior um corpo totalmente estranho levando-a, ao mesmo tempo, ao prazer e a dor, onde é depositado o líquido da vida, fazendo com isso surgir um ser novo.

Já pensou como é maravilhoso se pudéssemos ver a evolução, minuto a minuto, de o novo ser que aos poucos vai crescendo na mulher. Ver como ele, um importuno, vai empurrando delicadamente os órgãos e, quando atinge o tamanho necessário, se esperneia querendo sair. Para mim esse é o verdadeiro verbo da vida, o verdadeiro renascimento do homem. O único ser que está livre de ser feio e ridículo é a criança. Está é em sua fragrância bela e perfeita. Até os seis anos, tem sua personificação pura e sem mácula. Depois dos seis anos começa a perder tudo isso, quer dizer, os adultos, principalmente os pais, fazem com que ela perca a sua inocência e a introduz no mundo dos adultos. Até fazendo com que ela realiza os sonhos fracassados dos pais, o que acho errado.

Já repararam quando alguém, ele ou ela, está dormindo que coisa mais feia. Entregam-se aos braços de Morfeu como se estivessem mortas. Quantas vezes fiquei por várias noites vendo minha filha dormindo, prestando atenção no respirar dela verificando se não estava morta. Até hoje, de vez enquanto faço isso. Pois a pessoa dormindo está um passo da morte. Aliás, o ser humano dormindo é a coisa mais ridícula que possa existir. Principalmente na condução. Ora bate a cabeça no vidro, ora baba, ou bate a cabeça no encosto do banco, repare como é ridículo.

Pois bem, verifiquei que minha língua sempre tinha uma pequena afta do lado direito. Fiquei intrigado, de uma hora para outra aparecia sem saber como e por que. Um dia, assistindo televisão, cai num cochilo, e quando num supetão acordo, percebo que estou com a cabeça pendida sobre o peito, de língua de fora, e os meus dentes pressionando-a. Resolvido a questão, isso é que provocava a afta na língua. Mesmo assim não queria acreditar nisso.

Mas hoje tive a confirmação. Cochilei no fretado, e quando percebo estava com a cabeça pendida sobre o peito, língua de fora com os dentes pressionando a língua, que coisa! Agora tenho que tomar dois cuidados. Não roncar e não deixar que isso aconteça. Vê se pode.

pastorelli

Pastorelli
Enviado por Pastorelli em 10/10/2013
Código do texto: T4518878
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