O RECADO

Assim que as viaturas policiais estacionaram na rua principal daquela comunidade começou a troca de tiros. Elias, um dos policiais, sinalizou para os companheiros que se protegessem. As informações davam conta da presença de um procurado bandido no local.

Aos poucos o grupo de policiais foi ganhando terreno. Elias pensava a cada passo. Sabia do perigo que corria ao adentrar na comunidade, forte reduto do tráfico, por isso analisava com cuidado cada movimento.

Ao chegar numa praça, travou forte troca de tiros com um grupo armado. Alguns conseguiram correr, mas dois tombaram. Elias se aproximou. Constatou a morte do primeiro, mas ao alcançar o segundo corpo, um rapaz de cor clara, cabelos encaracolados, corpo magro e feições de criança, viu que ainda respirava. Rapidamente sacou o rádio para comunicar o fato. Foi quando sentiu um toque em sua perna. Fez um rápido movimento e viu uma das mãos do rapaz erguer-se. Tentava falar alguma coisa. Elias, mesmo em risco, baixou e ouviu uma voz fraca dizer: “Por favor, diz pra minha mãe que ela tinha razão e que eu a amo”. Disse e suspirou.

Duas horas depois, ao término da bem sucedida operação, Elias viu quando uma senhora se aproximou do corpo chorando. Timidamente foi até ela.

- Com licença. Era seu filho?

- Sim...

- Ele pediu para lhe falar que a senhora estava certa e que te ama.

A senhora, olhou nos olhos do agente e depois baixou até o corpo do filho em silêncio. Elias, um policial de elite, dez anos de serviço, treinado para situações de risco... Também não conteve as lágrimas.