PROTESTOS DE RUA
Sempre fora um garoto pacífico.
Estudara até os 20 anos, não tinha ideais de vida por isso não ingressara na faculdade.
Sua profissão? - Vendedor de uma loja de eletrodomésticos.
Era o que lhe bastava no momento: salário pequeno para um objetivo de um menino simples.
Mas a rotina de sua vida, o cotidiano exigente mostrara a ele a necessidade de maiores recursos para sobreviver.
Sua teimosia em largar os estudos e o tempo lhe mostraram que o prejuízo para seu viver fora enorme.
Agora com 35 anos sentiu na pele as defasagens das escolhas.
Que fazer? – de momento tentar retornar aos estudos e tentar obter recursos para tal.
Pela internet tomou conhecimento das revindicações dos cidadãos brasileiros.
Com certeza iria aderir.
Juntou-se a um grupo de estudantes que protestavam contra o ensino pago nas faculdades.
Nada a temer.
Protestos pacíficos eram respeitados pelas autoridades.
Houve uns tantos entretantos:
No meio de seus amigos pacíficos infiltraram-se alguns elementos mascarados, “skinheads”, malacos e pequenos marginais.
Houve muita confusão: bombas de gás lacrimogêneo, pimenta e balas de borracha...
Pelo outro lado: pedras, quebra-quebra, coquetéis Molotov e enfrentamentos.
Barulho ensurdecedor de bombas, gritos e sirenes.
Pensou consigo mesmo: não era isto que eu pretendia.
Mas o impasse continuava, muitos protestos, gritaria, bombas e quebradeira.
Genivaldo, este o nome do inocente estudante, resolveu se retirar.
Estava difícil.
Avenida tomada pelos manifestantes e defendida pelos policiais.
Tentou correr furando a barreira defensiva.
Em vão.
Caiu exausto no asfalto.
Levou a mão ao peito,o líquido morno e avermelhado lhe tingiu a mão...
Fora alvejado por uma bala perdida!
Tentou gritar por socorro.
O ar irrespirável tomado pelo gás pimenta e pelas bombas de lacrimogêneo impediram-lhe de falar...
Morreu no calçadão do Meier.