O beijo do ladrão
nair lúcia de britto
A primeira vez que Pedro roubou foi
num supermercado. Era um pequeno
pacote de bombons, quando ele ainda
era criança. Levou os bombons para
casa, deu um bombom para mãe e
comeu os outros dois.
A mãe saboreou o bombom e aplaudiu
a conduta errada do filho, incentivando-o
a outros furtos. Os objetos roubados
eram sempre recebidos com alegria.
O tempo foi passando e Pedro foi se
tornando um ladrão cada vez mais
ousado, mais exigente e mais experiente.
Um dia, já adulto, foi parar na prisão.
A mãe foi visitá-lo, em lágrimas, e Pedro
pediu para lhe dar um beijo.
Quando ela aproximou o rosto, por entre
as grades, Pedro, em vez de beijá-la,
mordeu o nariz dela com força.
A mãe recuou com um grito de dor.
-- Por que você fez isso, meu filho?
-- Porque é por sua causa que hoje
eu estou na prisão. Se você tivesse
me repreendido na primeira vez que
eu roubei eu não teria me tornado
um ladrão.
Este Conto foi inspirado num fato real que mamãe me contava, quando criança. Queria me dizer que repreender um filho, quando ele erra, é mais que educar; é amar.
Foto: nair lúcia de britto