O NETO (FINAL)
O NETO (final)
A madrugada foi terrível. Paulo não podia sair, pois não sabia onde procurar. Esperou.
Olhou o relógio: cinco horas da manhã.
Despertou do cochilo quando sentiu a maçaneta se abrir. Silenciosa.
- Fábio ,por onde estava até esta hora?
Não houve resposta.
Acendeu a luz. O que viu o deixou assustado. A mãe e o avô chegaram a sala.
Viram um rapaz totalmente transtornado e assustado. Não falava coisa com coisa.
Balbuciou umas palavras sem sentido e desmaiou.
Chamaram o médico da família e o diagnóstico foi terrível.
-Está drogado.
Acordou e olhou para os lados procurando ver onde estava.
- Não, não... Não quero! –falou assustado.
- Calma, filho. Você está em casa!
- Me ajudem, por favor!
O dia clareou e uma luz suave entrou naquele ambiente que anunciava a paz. Ele estava dormindo, parecia tudo bem.
Mas o “amigo” estava por perto, à espreita. Na primeira oportunidade iria entrar a casa e resolver o “assunto”. Também estava sendo pressionado.
Apesar da aparente tranquilidade, Paulo estava desconfiado com a presença de estranho rondando a casa. Isto fez com que tomasse a decisão: iriam leva-lo para uma clínica onde ficaria mais seguro. Fábio já havia concordado com isso. E foi o que fizeram.
- O que vai acontecer com ele? – perguntou o avô.
- Ele vai fazer um tratamento por uns dias e voltaremos para casa.
Ao ser deixado na clínica chamou os três e lhes disse:
- Perdão pelo que eu fiz. Não estava aguentando mais.
- Tudo bem, Fábio. Agora vamos tratar de seu problema.
- Eles vão me perseguir, pai.
- Eles quem, Júnior?
- Os “meus amigos”!
- Vou tratar disso. Fique sossegado.
A recuperação de Fábio foi lenta, mas já fazia uma semana que não colocava qualquer tipo de droga na boca. Sentia, às vezes, necessidade de usá-las, mas seguia firme no propósito de não usar.
O avô estava bem, pois via seu neto voltar ao que era. Isso o deixava muito feliz. Mas estava preocupado. “E se eles vierem atrás do Fábio?” – pensou.
Os dias passaram rapidamente e Fábio cada vez melhor.
Quando Paulo chegou foi direto conversar com o filho.
- Tenho uma notícia para lhe dar. Como era o nome daquele seu “amigo”?
- O conhecia por “Loucão”. O que aconteceu?
- Encontraram o corpo dele em um loteamento fora da cidade.
Fábio ficou sério e pensativo.
- O que houve Fábio?
- Tenho uma coisa para lhes dizer. Especialmente para o vovô.
Os quatro estavam no quarto.
- Drogas, nunca mais. Quem perguntar sobre isso eu vou dizer: não entre nessa, não vale a pena perder a vida por tão pouco. A vida é valiosa demais.
O avô sorriu. O neto estava voltando a ser o que era.
05/10/2013