O NETO (parte 1)

O NETO (parte 1)

O avô, com quase noventa e dois anos, estava preocupado e triste. Seu neto estava diferente, frio e distante. Não era mais aquele neto carinhoso e brincalhão.

- Vocês, velhos, só servem para atrapalhar. É um saco! – dizia ele.

Estava desse jeito o problema. E ele não queria conversa com ninguém.

-“ São as más companhias.” – refletiu Alberto.

Procurou a filha para conversar.

- Filha, o que está acontecendo com o Júnior?

- Pai, eu estou preocupada também. Fico pensando que são as más companhias.

- Eu também estou pensando nisso.

- Falta de conversa não é. Procuro conversar com ele todos os dias, mas não se abre. E está cada vez mais sério isso.

- Vou conversar com o Paulo.

A porta bateu com certa violência.

- Precisa bater a porta desse jeito, Júnior?

- Não enche, mãe. A gororoba está pronta? Estou com fome.

E foi sentando a mesa.

- Estou esperando seu pai. Ele está para chegar.

- Merda!

- Tenha mais respeito. – disse o avô.

- Não quero mais almoçar! – disse isso e saiu.

A mãe, nervosa, começou a chorar.

- Não aguento mais essa situação.

O clima não estava bom, quando Paulo chegou. Sentiu um ambiente pesado.

- O que foi dessa vez? – perguntou.

- Foi o Júnior, outra vez.

- Onde ele está?

- Não quis esperar o almoço e saiu.

Júnior chegou a casa a noitinha. Paulo o esperava.

- Estava te esperando, Júnior. Vamos conversar.

- Agora não, estou cansado.

- Cansado? Você só estuda! O que está acontecendo? Se não falar não posso te ajudar.

A campainha tocou neste momento. Júnior levantou-se para ver quem era.

- É aquele teu amigo. Não gosto dele.

- Mas eu gosto.

- Você não vai sair mais hoje!

- Vou. E agora.

Levantou-se rápido do sofá e saiu, não dando tempo a qualquer conversa. A noite iria ser longa.

lmorete
Enviado por lmorete em 05/10/2013
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