Antônio E Ana...
No decorrer de vinte e oito anos, trabalhei como cabeleireira em minha cidade.
E dentro deste período de tempo, muitos outros salões foram chegando.
E cada um que chegava, eu sempre ouvia da boca de muitos, que havia chegado mais um concorrente para mim.
A minha resposta era sempre a mesma para todos.
E eu dizia :
Não ! Não é concorrente. Somos colegas de profissão ! "
Até o dia, que um belo salão, foi montado bem diante do meu !
Do outro lado da rua.
E quantas pessoas vieram me dizer:
"-Maria. Você agora está perdida !"
Novamente eu sorri, e disse que não. Que era mais uma colega de profissão.
E cada salão que era montado, eu sempre pedia para Deus ajudar aquela pessoa.
Pois eu sabia o quanto era difícil conquistar o seu lugar ao mesmo sol que nasceu para todos.
Esperei o término da montagem do salão, que estava bem diante dos meus olhos, e um dia, atravessei a rua, e fui me apresentar para a proprietária do salão.
Esta, havia chegado da cidade do Rio de Janeiro.
Eu a cumprimentei, desejei-lhe boa sorte e boas vindas !
Ofereci meus préstimos, caso viesse a precisar de alguma ajuda.
E a proprietária, Sandra Morena, muito simpática, me agradeceu.
No interior do salão, eu vi duas crianças.
Bem pequenas.
E naquele momento, eu conheci Antônio e Ana.
Filhos de Sandra !
E ali, eu encontrei o amor de duas crianças.
Ana, de imediato, disse que queria ir na minha casa.
E levei os dois até a minha casa.
Gostaram tanto, que passei a receber todos os dias, a visita de Antônio e Ana.
Ana, ainda muito pequenina ! Ainda usava uma mamadeira para tomar os seus sucos.
E como era bom receber a visita daquelas crianças !
Com isso, passei a ser amiga de Sandra ! E não a concorrente que muitos diziam ser !
Um dia, Sandra me disse que ia acabar com o salão, e investir em outro empreendimento.
Ficou por ali mais um tempinho, depois se mudou.
Mesmo morando na mesma cidade, eu nunca mais tive tempo de procurar me encontrar com aquelas crianças que eu tanto gostava de tê-los perto de mim.
E eu sempre pensava, que elas haviam se esquecido de mim.
Mas este ano, no dia da festa da nossa cidade, eu me reencontrei com Antônio e Ana .
A alegria foi muito grande, quando vi o brilho no olhar daquelas crianças que cresceram, mas não se esqueceram de mim.
Vieram correndo me abraçar !
Antônio , está um mocinho !
Ana, está quase uma mocinha !
Ambos, tão lindos e dóceis, quanto no período de infância !
E assim é a vida !
Sem concorrências... Mas todos a lutar pelo mesmo lugar ao sol !
Meu sol, eu vejo nas crianças que tanto amo !
"O tempo pode até passar... Mas um amor quando bem plantado,
Jamais morrerá !"
Maria Lamanna
Rio Preto-MG