SUNDAY IN THE PARK - DOMINGO NO PARQUE

Correndo e passeando no parque...
Percorrendo o mundo e lembranças eu buscava inspiração.
Encontrei-me no Parque em um Domingo de sol.
Em minha imaginação eu estava envolvida por centenas de arvores centenárias. De diversas regiões e ocasiões o que trazia-me história e memórias partidas.

Trazia-me contos e acontecimentos simples, como crianças a brincar, jovens e idosos compartilhando casos e risos.
Brinquedos e bagunças espalhados pelos encostamentos e
 calçadas. E tudo que meus olhos podiam avistar no além memorie eu escrevi. Tudo que minha imaginação podia criar eu vivi. As pessoas eram reais e as conversas faziam-me aprender coisas que já posso ensinar.

Ainda não havia terminado meu passeio no parque quando sem a menor permissão fui invadida por lembranças de minha (nem tanto) saudosa infância. Além de ser sonhadora e espoleta, totalmente “Maria Moleque” (era assim que chamavam) também fui uma “Garota Problema”.

Creio que era, como ainda é muito difícil lidar com crianças e adolescentes “Problema” mas eu era e talvez ainda seja. Mas também era triste e solitária, do tipo que não queria ninguém perto a maior parte do tempo. Talvez por esse motivo as pessoas também não haveriam de me querer tanto assim eu suponho.

E lá estava eu, quase sempre só. Eu não era desprezível! Ao contrário. Nunca tive tal sentimento, apenas me sentia estranhamente mais segura quando estava só. Pois minhas traquinagens não poderiam me causar o mal que causaria a outras crianças e adolescentes que estivesse em minha companhia. E sempre fui de um dilema só meu. Este é; “Só sei nadar. Não sei salvar”
E quando eu estava aprontando e enlouquecendo as pessoas sãs
Como, pulando da ponte pênsil, saltando do barco e dando perdido a dois quilômetros da beira mar sem certeza se poderia nadar tanto, escalando montanhas rochosas sem nenhum equipamento de segurança, andando sob o parapeito dos prédios mais altos da cidade, e outras coisas que me lembro então. Eu estava 100% e era muito feliz. Já se estivesse acompanhada sentia-me triste e limitada, pois não levaria filhos de ninguém as minhas aventuras suicidas, e nem convidaria de livre e espontânea vontade que eles se tornassem um. Por isso eu permanecia a maior parte do tempo sozinha.

Creio eu que minha família não tinham em mim a paz. Levavam-me a igreja e outras formas de redenção e salvação na tentativa de converter-me e abrandar-me o espirito. E na esperança de salvar-me a alma, ironicamente eram a causa da contaminação cristã. Pois as outras crianças terminavam por admirar e se encantar com as minhas traquinagens que não paravam, pois no jardim da igreja haviam arvores deliciosas de escalar e bem altas que naquele lugar santo só fez piorar tudo, pois eu me sentia então mais perto de Deus e não queria sair porque tinha paz e eu estava sozinha.

Foi quando comecei a conhecer muitas casas e aprender a viver com pessoas estranhas e diferentes, algumas muito velhas o que me deixava pouco a vontade. Pois os idosos avançados tem muitos princípios e limites, isso não ia dar certo. Pois uma coisa é ser chamada de “Maria Moleque ” e até “Sem Futuro” por ser traquina e selvagem. Outra coisa é ser comparado ao próprio satã por não dar paz á ninguém.

Eu não me lembro exatamente quanto tempo eu parava aqui e ali, mas a variedade de lugar era constante. E eu me lembro de seus risos quando eu chegava e suas cabeças baixas quando eu partia, naquele tempo eu nem imaginava o por que e ainda hoje custo entender, exatamente. O que fazia eu naqueles lugares, e por que não estava com a minha família? Não costumo desejar para os outros o que eu não quero para mim. Era o contrário do que faziam?
 
As lembranças iam e vinham enquanto eu percorria pelo parque.
Sentindo-me vez em quando um tanto magoada e esquecida, mas não abrindo mão de sentir o ar de eucalipto penetrar em minhas narinas agradecidas. Eu estou feliz, quando retorno em minha infância e encontro-me na mansão dos mortos, dentro do cemitério.

E lá estava eu. Mais uma vez em paz e tranquila. Eu havia encontrado enfim o lugar perfeito para alguém como eu. Ali pois ninguém me encontraria, não haveria sermões e nem conselhos de quem me “Ame”, ninguém me ameaçava e não feriria a mim. Nada me oferecia perigo ou companhias indesejáveis. Eu estava feliz. Me lembro como ontem que foi ali com 12 anos de idade em meio aos mortos que eu me senti em casa pela primeira vez.

Andando por entre os túmulos eu me sentia perfeita. E ali perante as lapides eu não sentia vontade de traquinar. Ora que sem querer e seguindo o meus próprios instintos eu encontrei a paz para o meu coração sem precisar subir em nenhuma arvore, ou ouvir o sermão do Padre que falava um pouco menos que o Pastor da igreja cristã, ou pular de algum barco em movimento, o que não nego... era muito bom! Mas não carecia de esforços físicos, e a sensação era a mesma, só que diferente.

Ao aroma magico da flor de murta da mansão dos mortos, em um piscar de olhos voltei ao parque. Encontrei-me em frente as placas de descrição ecológicas, aquelas plaquinhas que dizem a origem das plantas e das arvores. O céu de Domingo já estava rubro avermelhado, quando veio-me a introdução final de meu conto que envolvia amigos dos quais a maioria eram pessoas de idade avançada. Neste conto os velhos são meus melhores amigos e ouvintes e eu gosto de ouvi-los. Somos um grupo de pessoas que juntos, tivemos uma fantástica experiência no parque. E dessa vez foi eu quem saiu horrorizada e de cabeça baixa.
Neste conto do parque era eu quem estava entristecida e aterrorizada com a história daquela antiga mulher em vestes surradas e com aspecto que embora angelical, era apenas um véu que escondia uma pobre alma errante e amaldiçoada...ops..


...Mas isso é uma outra história...!Uma outra que criei enquanto “Correndo e passeando no Parque eu buscava inspiração.”
E por acaso me deparei com uma passagem da infância na ocasião.

 
Valéria C Ribella
Enviado por Valéria C Ribella em 18/09/2013
Código do texto: T4487930
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.