O SILÊNCIO DE ALINE
No silêncio de Aline, havia uma lágrima.
Sempre que a família se reunia, ela vivia alguns momentos assim.
Ninguém entendia o motivo.
Nem o marido, Arnaldo, que todas as vezes que perguntou teve um sorriso triste como resposta. Achou melhor desistir e esperar.
Aline, trinta e cinco anos. Formada, bem casada, duas filhas lindas. Vida estabilizada, mas faltava algo.
Um algo que deixou lá no passado.
Um segredo compartilhado com a, falecida, mãe, Alzira: “É o melhor a fazer. Não temos como criar esta criança. Você é muito nova minha filha, só tem 14 anos. Sei que é duro, mas é o que precisa ser feito, por você e por ele”. “Ele”, o filho doado para uma família abastada, para nunca mais...
Desde então a vida seguiu seu curso, Aline estudou, se formou, casou... Mas não esqueceu. E todas as vezes que a família se reunia, sentia a falta de um, que poderia ser qualquer um que encontra pela vida.
“Mãe”, um grito traz Aline de volta ao presente: Um domingo de sol no sítio da família, “Oi minha filha?” responde ao encontrar a figura esbelta da filha, Alice: “Vem, ta todo mundo te esperando. O que foi? A senhora ta chorando?”...