QUEM É?

Quem é?

Numa noite, depois de beber várias cervejas, fui deitar. Era verão e o calor bem intenso, diziam que perto de trinta graus. Liguei o ventilador no grau máximo e o deixei girando. Fiquei ali deitado de bruços, depois fui virando pra o lado, bufando e rápido já estava dormindo e roncando alto. Acho que dormi alguns minutos apenas e estava acordado de novo, com aquela sonolência. A casa era uma cabana, tinha uma sala bem na frente, uma cozinha, um corredor. Pelo corredor chegava-se aos quartos e uma espécie de garagem, apesar de não ter acesso para carros. Do mesmo corredor, havia uma pequena escada que levava para a parte superior do prédio, tinha apenas uns quinze degraus, que não era utilizada, mas tinha banheiro e janela que dava para a rua. Era também bem sinistra a casa, apesar de ser boa para o verão com uma ventilação que refrescava muito. Mesmo assim quase não íamos lá. Do quarto onde dormia avistava-se essa tal escada. E foi assim que meio sonolento senti uma ventania forte, um rebojo, virei-me para o lado e, não sei por que, olhei para a escadaria. Subindo as escadas correndo, dando risadas, uma mulher vestida de branco. Era um vestido longo e solto no corpo, ela era loira, cabelos compridos, corpo esbelto. Chegando ao último degrau da escadaria, a mulher vestida de branco olhou para baixo e gritou: sobe aqui se tu és homem. Ora, ninguém se mete comigo desse jeito, se me chamou tenho mais é que ir. Saltei da cama, cheguei à porta, olhei para os lados, poderia ser uma armadilha, subi a escada meio cauteloso, a chegada à parte superior era meio complicada, precisava erguer uma das mãos e segurar na parte superior. Pronto, cheguei. Quem é, perguntei. Quem disse que não sou homem, pois estou aqui, apareça! Nada. Silêncio total. Fui andando, as tábuas do assoalho rangiam raaque, raaaque. Verifiquei o banheiro, verifiquei atrás de um velho guarda-roupas e por fim cheguei à sacada. Olhei para a rua, nada. Retornei, andando de costas, bati no guarda-roupas, cheguei à entrada da escada, agarrei-me fortemente na porta, mas antes de descer, tendo ouvido um leve ranger de tábuas, perguntei novamente: quem é? Apareça! Nada. Desci a escada, cheguei ao quarto, olhei o relógio e marca 00h07min. Deitei pensando em dormir, o ventilador continuava a girar. Apaguei as luzes, tranquei a porta. Ocorre que o quarto onde dormia possui uma janela, a qual com pequeno esforço pode ser transposta, toda envidraçada, trancada por dentro e com cortinas. Ali naquela janela, bateram com força, parecia ser pessoa desesperada. Levantei rápido, ainda não havia adormecido, abri as cortinas ali estava a vizinha, de camisola branca, chorando muito e pedindo socorro. Queixou-se de que o marido estava embriagado e lhe batera. Fui até a porta do fundo e lá estava o indivíduo, totalmente ébrio, com os filhos ao seu lado. Mandei que ele fosse para outro lugar e deixasse a casa para a mulher e os filhos, não havia lei Maria da Penha naquela época, ele obedeceu. Chamei a mulher e mandei que entrasse em casa e trancasse as portas, ela correu, pegou os filhos e entrou em casa. Enquanto corria sua camisola branca esvoaçava.

drmoura
Enviado por drmoura em 10/09/2013
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