O autor  garante que a história é verdadeira...

     Logo que um tal de aparelho celular apareceu pelas bandas da Serra da Canastra, Dona Luzia ganhou um de presente de seu filho Natanael. O Rapaz morava na capital e achou que a novidade seria muito útil à sua mãe. Poderiam se comunicar com mais facilidade, apesar de Dona Luzia nunca ter visto esse aparelho e por mais que o filho explicasse, ela não compreendia nada.

     Fiel freqüentadora de uma igreja evangélica. Aos domingos, Dona Luzia vestia sua roupa nova, fazia um coque nos longos cabelos brancos e ia até a cidade de São Roque de Minas, onde participava do culto. A mulher nunca se separava do presente que o filho lhe dera. Não sabia mexer, mas sempre levava na bolsa, juntamente com a Bíblia, o seu “radinho”.


     Um dia chegou à igreja como de costume, sentou-se na primeira fila. Dona Luzia se esquecia da vida quando estava na presença do Senhor. O pastor falava quando de repente o “radinho” começou a tocar aquela musiquinha insistente. Ela tirou-o da bolsa, pelejou até dar conta de desligar o aparelho.

     Dali a pouco repetiu-se a mesma barulheira. Com muito esforço e suando frio, de tanta vergonha, pois, toda aquela gente a olhava de cara feia, inclusive o pastor. Nem bem ela tinha se acalmado, pela terceira vez o aparelho infernal começou a cantar. Dessa vez o som era ensurdecedor. Dona Luzia sem saber, aumentara o som. Apavorada, ela tremia e tentava desligar ou esconder na bolsa. Após apertar todas as teclas em vão e já com os nervos em frangalhos, jogou o aparelho no chão com toda a sua  força e soltou um sonoro:

     —Radim fi duma pppppp$%@#*

 
                                                                         Kaique Bernardes

                                             

 
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 27/08/2013
Reeditado em 29/08/2013
Código do texto: T4453860
Classificação de conteúdo: seguro