Carpideiras
- Que gritaria é essa, pelamordeDeus!?
- Carpideiras.
- Carpideiras!? Alguém ainda contrata os serviços dessas mulheres dos infernos?
- Pois é. Ninguém choraria por ele de graça.
- Se alguém contratou, é porque se importava.
- Era condição no pré-testamento.
- Pré- testamento?
- Sim! O testamento será aberto hoje à tarde, mas era condição que cada um dos prováveis beneficiários pagasse os serviços de uma delas.
- Mas, ele não tinha esposa, filhos?
- E irmãos, netos e amante. Todo mundo interessado na grana. Devem estar dando uma festa agora.
- Credo! Gente ruim!
- Ele mereceu. Era um canalha.
- E o que ele ganha com a encenação dessas donas!? Caminho pro céu?
- Mais provável ir para o outro lado com essa inconveniência. Mas, era um sujeito vaidoso e se preocupava com a opinião pública sobre ele. Não queria deixar má impressão em sua despedida.
- Mas, os repórteres que estão acompanhando o féretro não conhecem a família dele? Não vão perceber que não são seus parentes que velam seu corpo?
- Duvido. Farão algumas imagens mostrando as mulheres chorando e o povaréu presente... Escreverão umas bobagens sobre o morto e todos viverão felizes para sempre.
- Menos ele.
- Menos.
De repente, a parentalha do de cujus adentrou a capela em polvorosa. Por uma falha do advogado da família, eles tiveram acesso ao testamento antes do horário previsto e estavam indignados. Ele não deixara absolutamente nada! Até a casa em que vivia já estava penhorada ao banco para pagamento de dívidas. As carpideiras foram expulsas de lá e a gritaria lamentosa cedeu lugar a protestos indignados. Estes sim, uma grande inconveniência.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Inconveniência
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/inconveniencia.htm
Imagem daqui.
- Carpideiras.
- Carpideiras!? Alguém ainda contrata os serviços dessas mulheres dos infernos?
- Pois é. Ninguém choraria por ele de graça.
- Se alguém contratou, é porque se importava.
- Era condição no pré-testamento.
- Pré- testamento?
- Sim! O testamento será aberto hoje à tarde, mas era condição que cada um dos prováveis beneficiários pagasse os serviços de uma delas.
- Mas, ele não tinha esposa, filhos?
- E irmãos, netos e amante. Todo mundo interessado na grana. Devem estar dando uma festa agora.
- Credo! Gente ruim!
- Ele mereceu. Era um canalha.
- E o que ele ganha com a encenação dessas donas!? Caminho pro céu?
- Mais provável ir para o outro lado com essa inconveniência. Mas, era um sujeito vaidoso e se preocupava com a opinião pública sobre ele. Não queria deixar má impressão em sua despedida.
- Mas, os repórteres que estão acompanhando o féretro não conhecem a família dele? Não vão perceber que não são seus parentes que velam seu corpo?
- Duvido. Farão algumas imagens mostrando as mulheres chorando e o povaréu presente... Escreverão umas bobagens sobre o morto e todos viverão felizes para sempre.
- Menos ele.
- Menos.
De repente, a parentalha do de cujus adentrou a capela em polvorosa. Por uma falha do advogado da família, eles tiveram acesso ao testamento antes do horário previsto e estavam indignados. Ele não deixara absolutamente nada! Até a casa em que vivia já estava penhorada ao banco para pagamento de dívidas. As carpideiras foram expulsas de lá e a gritaria lamentosa cedeu lugar a protestos indignados. Estes sim, uma grande inconveniência.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Inconveniência
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