DÚVIDAS DO SEXO

Tem certas coisas que acontecem que a gente não sabe se ri ou se chora, pois são tragicômicas. Ontem me aconteceu uma dessas coisas.

Fui fazer uma ecografia das vias urinárias, inclusive próstata. No balcão de atendimento da clínica entreguei a requisição do exame e a carteirinha do plano de saúde. A atendente ligou para o plano para obter a autorização. Percebi que demorou um pouco no telefone. Em seguida levantou-se e começou a falar baixo com outra atendente. Então, olharam para mim com um sorriso malicioso. Confesso que fiquei um pouco tímido com a reação delas, afinal já tenho certa idade e não estou mais acostumado a ser olhado por jovens na faixa dos vinte ou trinta anos. Como a esperança é a última que morre fiquei matutando: serei um coroa charmoso? Serão os meus cabelos prateados? Ou quem sabe o meu sorriso simpático?

Não era nada disso. Alegria de coroa dura pouco, pode acreditar, e neste caso não foi diferente. Alguma coisa de errado estava acontecendo, eu tinha certeza, só não sabia que o nível de erro seria tão alto.

A mocinha, ainda com o sorriso malicioso estampado na face, veio até a mim e falando baixinho disse: - O plano de saúde não autorizou seu exame.

– Por quê? Perguntei eu.

– É que o exame solicitado e para o sexo masculino, afirmou ela.

Fiquei espantado. Desde que nasci sou do sexo masculino. Que me lembre, nunca tive dúvidas disto. Olhei minha vestimenta para conferir se algo estava errado. Meu Deus! Eu estava com uma camisa rosa! Seria isso? Percebi que a atendente conferiu-me da cabeça aos pés, principalmente os pés e o meu sapato número 40. Concluí que ela achava que eu era sapatão. Minha reação machista foi olhar para ela e afirmar em alto e bom som:

- Eu sou espada! Acho que as desconfianças aumentaram com a minha afirmação, pois ela respondeu novamente com o sorriso malicioso no rosto:

- Eu sei... Eu sei... Percebi.

Sem saber o que fazer, recuperei a requisição do exame e resolvi me retirar. Fiz meia volta e fui saindo com muito cuidado em direção à porta, andando com passos firmes e com medo de que achassem meu andar meio feminino.

Então me dei conta que não sabia direito o que elas estavam pensando. Seria uma mulher querendo fazer exame da próstata? Então eu seria um “sapatão”. Ou seria um homem não muito convencido de sua masculinidade? Sei lá. O que eu sei é que o maldito plano de saúde havia me classificado por engano como do sexo feminino. Haja confusão.

Como não sou de perder uma piada mudei de ideia quanto a sair de fininho e resolvi tirar um sarro das duas. Virei-me rapidamente e com uma voz bem grossa falei para elas:

- Tchau, amores. Vou esperá-las no final do expediente. Beijinhos para as duas.

CLEOMAR GASPAR
Enviado por CLEOMAR GASPAR em 14/08/2013
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