CADEIRA DE RODAS, MULETAS E FISIOTERAPIA. - a saga de uma reabilitação

Ao ficar um ano de cadeira de rodas

Me acalmei

Por saber que voltaria a andar

Relaxei

Sempre fui ansioso

Nesse ano sabático

Fui incentivado a não fazer nada

Ócio deliberado

Todos deveriam experimentar

Coisa fina

Calmaria

Entre muitos baseados e bebidas alcoólicas

O elixir da vida

Baixo Gávea e praia de Ipanema, às vezes Aristides Espínola.

Eu tinha o tempo a meu favor

Bagulhos

Chopes

Tecos

Ácidos

Ecstasys

Bucetas derivavam desse aglomerado de dias e noites em unidade

Deus salve a ilegalidade

Daime todo mau, amém!

A época da promiscuidade ilícita

Velei o sono de várias bundinhas cocainômanas

Mulheres estonteantes

Encantadoras

Eu as droguei

Abusei delas

Fui pau amigo

Em troca recebia bocas insanas

Burguesinhas vocacionais da fixação oral

Na minha condição de paraplégico provisório, mamadas eram volúpias de propriedade.

Mulheres se ajoelhavam diante da cadeira de rodas

Fetiches, são eles que nos diferenciam dos animais.

A melhor trepada da minha vida aconteceu no andamento das quatro rodas

Uma morena de alma apetitosa e corpo cavalar mandou um bilhete pedindo pra ver-me bater punheta

Durante o rito sexual, ela balbuciou palavras de não traição ao namorado.

Degustolhando-me o membro sacerdotal ela falava hipnotizada não estarmos fazendo nada

Um rostinho lindo a centímetros do meu pau confessando seus não pecados

Ejaculei litros de imoralidades qualificadas a décima potência na negação do outrem

O fescenino de minh'alma mandava as promiscuidades da pornografia

Lascividade inebriante

Sexo é isso

O corpo de uma mulher regido pela buceta da alma

Se sexo fosse penetração não existiria homossexualismo feminino

Eu penetrei almas pervertidas

Simples assim

Depois do primeiro ano na cadeira de rodas vieram as muletas

E com elas a fisioterapeuta

De segunda a sexta uma loura recém-formada levantava e abaixava minha perna aparafusada

Exercícios de rotina no seu consultório

Não era só minha perna que ela levantava

Com o tempo ela resolveu dar uma mãozinha

Sessões de fisioterapia peniana faziam parte da minha série de repetições

Seu namorado era ortopedista no mesmo prédio

O meu ortopedista

Foi ele que me indicou a punheterapeuta

Ela era da turma das que se formaram achando que negar a buceta no sentido pedagógico é não trair os seus

Definitivamente meu tipo de mulher

Eu legitimava tal pensamento não a beijando

Aprendi muito com as mulheres dessa turma

Beijar na boca e meter na buceta não pode: é traição.

E isso eu não faço

Eu tenho limites

Mas nem tudo eram férias sabáticas a gozar

Seu namorado e ilustríssimo ortopedista nos pegou no flagrante

Ele não apoiou a teoria da não traição

Tem horas que é melhor apanhar do que explicar

Apanhei

Tomei muita porrada

Bons tempos das trocas justas

Do toma lá da cá

Do aqui se faz aqui se paga

Onde eu dei a porra e recebi o equitativo troco

Hoje ando e corro de um lado pro outro sustentando o conceito de família

Sou a pessoa ao lado almoçando sem vocês perceberem

Normal como Norma Bates

Estou por um fio

Saudades da minha cadeira de rodas