Os insetos

Uma vez, o senhor Walil estava sossegado em seu lar cercado por seus amados insetos mortos em vários modos de armazenagem, então sua filha Rebecca trouxe seu café o que era uma rotina para os dois. ela até já havia se acostumado com os pobres indefesos e mortos que de alguma forma não a comoviam mais. Eram carrapatos no álcool 70%, ou a seco e alfinetados, cada um em seu lugar. por letra número de aquisição e por classificação com uma notável preferência por arthropodas das famílias Ixodidae e Argasidae hematófagos, e muitos Orthopteras. para ela tinham deixado de ser grilos, aranhas e escorpiões fazia tempo.

-pai, eu acho que a pia entupiu de novo- ela tinha sua própria caneca na Mão com aquele dizer: ``Eu`` o par havia quebrado a uns dias e foi impossível colar pois faltavam pedaços, e em uma casa cheia de cantos com móveis que foram acumulados desde a época de seus avós não ficava fácil de juntar todos, ela olhava pela janela para as nuvens que cinzas e carregadas vinham de sudoeste e tapavam o azul: - será que nunca mais vai fazer sol?

-claro que vai Rebecca! isso ai é o inverno; a pia entupiu de novo. Más como?

-sei Lá, acho que foi cabelo- ela estava ainda alí olhando as nuvens

-Eu vou chamar alguém pra ver isso filha- e nisso pegou a caneca sobre a mesa e tomou o café que estava a seu modo: bem fraco e doce, porém como sempre reclamou:

-por quê eu não gosto desse caneco feio?

-É só uma caneca pai.

-Eu sei Lá, esse número quatro preto e essa cor de terra batida...

-E o café pelo ou menos tá bom?

-Sempre igual. Bom sempre a cada dia que você faz.

Ela então se voltou em direção a ele e lembrou algo importante

-a tia Lú também vai vir junto com o Rafinha e o Teodoro

-eu sei- e ficou em silêncio lendo algum catalogo daqueles

-Pai, e se o Diego vier o que você vai Fazer?

-Como assim?

-Na última vez vocês brigaram feio por causa do seu neto

-Aquele garoto mal criado, é igual ao seu irmão e puxaram a sua mãe, tudo igual- nisso largou o livro e ficou sério tirando os óculos e coçando os olhos; Parecia querer chorar más não fez. Rebecca achou melhor se calar.

-Eu não devia era fazer nada

Retrucando Rebecca explanou: - Nem pensar pois é seu aniversário e todo o ano a família toda está aqui!

- E o seu marido vem?

-Eu não sei, mas eu pedi pra vir e trazer os meninos; faz tempo que você não os vê.

-Eu não entendo como o juiz tira da mãe guarda de filho

-O senhor sabe que Flavio é advogado e mentiroso, ele mentiu Lá pro juiz, más eu ainda vou recorrer- ela pôs a caneca na janela e pegou um banquinho no canto da sala e sentou ao lado do pai:

-Oitenta anos em seu Edgar, quem diria!- Ele se manteve quieto por um tempo e perguntou:

-Seu cabelo entupiu a pia?- Ele sabia que Flávio era homem de valor.

-Acho que sim, ele anda caindo demais- Cabelos caem e a máscara? Pensou.

Ela então levantou e pegou as duas canecas saiu sem dizer nada e ele olhou em direção a porta, para a soleira e voltou aos seus insetos:

Eu queria ter sido entomologista e não dono de lojas de tecido, mas meu pai ia aceitar? Duvido que aceitaria e se eu falasse também eu nem sabia o que era isso mesmo. Foi melhor assim, pelo ou menos tem muito sofá e cortina por ai que ainda deve ter tecido que eu vendi, vai ver até vestido ainda existe de mãe pra filha, terno de brechó...

...ainda bem que o Salman e o Raris são bons com tudo isso, pois eles sabem negociar direito, eu acho.

Devia era vender tudo, tudo que meu pai deixou agora, mas eu não posso. maldita lei, desgraçada que só faz a gente sofrer. Eu queria era a Leda aqui e que diabo de mulher teimosa! Foi morrer antes de mim só pra me irritar. Ela sabia que essas empregadas não sabem fazer café. Para ensinar rabeca foi sofrido e ela parece que não aprende ou faz de propósito, se fizer eu digo que está bom e ela finge que não sabe que eu estou dizendo que está ruim, uma droga que nem eu velho de dentadura aguento. Se fosse você eu dizia que tava uma m...

Ai, eu nem sei se devia comemorar. Vou dormir, ela nem me perguntou dos remédios, que filha é essa? Diego é teimoso más me perguntaria pelos remédios e faria alguma piada que eu xingaria e o debochado ia sair rindo, feito a mãe.

-Leda...

Nisso o senhor Edgar levantou e deu mais uma olhada em sua coleção, ele olhou no relógio de parede e viu que era a hora do medicamento, chegou a porta e olhou mais uma vez para a soleira, apagou a luz e deixou que seus carrapatos e gafanhotos por mais um dia dormissem sabendo que voltaria.

Mesmo sabendo que todos viviam ali mortos ao seu entorno e ele os velando com mais uma noite de sono.

Será que a teimosia de Leda o havia contaminado?

abeljunior
Enviado por abeljunior em 02/08/2013
Reeditado em 02/08/2013
Código do texto: T4416480
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