Billy Lin

Um grito seco. Foi o bastante para sentir pena do ser de penas coloridas. Um ser, um papagaio.

Ali, caído com o peito estufado e o bico truncado na parede branca desgastada pelo tempo.

Os minutos passaram, porém ele não acordou. Sintomas iniciais de alcoolismo descartados, e a certeza logo chegou. A idade deve ter pesado, se tratava de uma morte.

Hora do óbito:16:20. Hora do chá. Algo quente para tentar acabar com o vapor da tristeza.

Um vento soprava de trás para frente. As penas balançavam, indo e vindo como um balanço desgovernado. Uma tarde memorável, diria mais. Foi muito tarde para despedidas ou cerimônias.

Os amigos estavam voando por aí, cantando em muros e fugindo das atiradeiras.

A vizinhança não mais escutava o canto brando do papagaio tênue. A harmonia foi rompida. Lá se foi sem dizer adeus.

Billy Lin, eterno papagaio da gaiola da vizinha.

JBorsua
Enviado por JBorsua em 25/07/2013
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