O Encontro da Vagina Crente com o Pênis Pecador
Transcorria o ano de 2000, final do século XX e toda uma expectativa para o 31 de dezembro, onde todos com fé seriam agraciados com o início de um novo milênio. Eis que Maria (Vagina Crente) vai às compras uns dias antes do final do ano em busca de um belo vestido para o culto em sua igreja, eis que a loja escolhida é unissex e Maria distraída escolhendo seu vestido ao virar-se dá de cara com Pedro (Pênis Pecador) e numa troca de olhar impactante, Maria abaixa a cabeça em sinal de embaraço, continua a escolher seu vestido, porém na tentativa como por milagre saber o que Pedro acharia da sua escolha.
Pedro por sua vez também fica mexido com Maria, não entendendo bem o que acontecia com suas emoções, pois Maria tinha vestes e comportamento totalmente contrários ao que sempre o atraiu, ou seja, pernas, bunda e peitos à mostra. Maria vestia-se bem, mas não mostrava o que Pedro admirava. Mesmo assim se olharam mais uma vez, sem entenderem o que acontecia. Encerradas as compras de ambos, seguem seus caminhos sem olharem para trás, mas levando na lembrança aquele olhar.
Ficaram ambos a pensar um no outro durante o resto da semana, mas sem a menor possibilidade de contato, pois não trocaram uma palavra, não houve contato físico, apenas um olhar marcou esse encontro.
Pedro continuou levando sua vida e como de costume tomando seu chopp com os amigos e encontrando com Vagina Pecadora (qualquer vagina) amando-as até o final da madrugada. Sempre quando retornava para casa Pedro inadvertidamente se pegava pensando em Maria, e a imaginar se poderia o destino colocá-los frente a frente novamente. E não é que o destino providenciou tal façanha. No dia 31 quando Maria saía de casa a pé para ir ao culto em sua igreja, após andar dois quarteirões, eis que Pedro a vê quando sai de carro de sua garagem, mas Maria não o viu. Saía ele todo de branco, alegre e perfumado para ir fazer suas oferendas na praia de Copacabana. Bom malandro que era saiu com o carro devagarzinho, e conseguiu alcançar Maria entrando em sua igreja, sendo cumprimentada pelo diácono que estava à porta. Bingo! Pedro conseguiu descobrir onde se escondia Maria, pensou ele.
Maria cultuou o Senhor em sua igreja e depois se confraternizou com os irmãos, porém como ela não sabia que Pedro a tinha visto voltou para casa em grande paz. Mas Pedro fez suas oferendas, fez seus pedidos, mas ficou com medo de pedir as entidades para encontrar novamente com Maria, era pecador, mas sabia que os dois caminhos não se cruzam.
A partir dessa noite de 31 de dezembro, Pedro passou a maquinar um jeito de “comer” Maria, custasse o que custasse. Descobriu o horário do culto do próximo domingo e meia hora antes do início estava ele lá com a bíblia na mão, que conseguiu comprar depois de muita pesquisa na Internet, pois até então não sabia o que fazer com uma bíblia.
Maria ao chegar e ver as irmãs solteiras comentando sobre o belo homem que estava visitando a igreja, correu para conhecê-lo e ao vê-lo levou um tremendo susto, ficou com as pernas bambas e por uns minutos acreditou que tinha encontrado o amor de sua vida e melhor o homem era crente.
Sem muita demora engataram um papo. Sentaram-se juntos na igreja e assistiram ao culto.
Ambos nutriam: ela a maior felicidade e ele a ânsia de levá-la para a cama.
Quando terminou o culto, Pedro convidou Maria para almoçar, que educadamente recusou o convite. Afinal de contas não era seu hábito ir logo saindo com quem acabara de conhecer.
Foram passando as semanas e Pedro continuava no objetivo de levar Maria para a cama, e Maria cada dia mais arredia, pois o seu eu dizia que as coisas não eram bem assim, com certeza o Espírito Santo estava a avisá-la que não confiasse em Pedro, embora Pedro até recitasse versículos bíblicos.
Num final de um culto de domingo à noite, Pedro fez o sacrifício (assim pensava ele) de levar Maria a pé em casa, pois já havia percebido que ela não entraria em seu carro e também que teria que se transformar em santo para conseguir o seu intento (assim também pensava ele).
O tempo estava passando e nada de Maria ceder às investidas de Pedro que eram sutis, porém desconcertantes.
A igreja olhava aquela amizade com simpatia, ninguém até agora havia percebido as reais intenções de Pedro, acho que só Maria e assim mesmo pelo Espírito Santo.
Pedro cansou da brincadeira e não foi à igreja por uns dias. Maria sentiu muito a sua falta, afinal de contas já estava acostumada a companhia masculina de Pedro. Mas Pedro não sabia explicar o porquê continuava pensando em Maria e sentindo falta dos cultos. Alguns dias depois resolveu voltar a frequentar a igreja e a querer Maria, mas só que desta vez havia algo diferente, pois nos dias que ficou afastado não foi em busca de nenhuma vagina pecadora e também não havia bebido, coisa que continuou fazendo mesmo quando estava indo a igreja querendo Maria a qualquer preço.
No seu retorno à igreja e ao final do culto ele chamou Maria mais reservadamente e contou a ela as suas primeiras intenções e também que jamais foi crente, mas que a partir de agora ele queria trilhar os caminhos de Jesus e gostaria que ela fosse sua mulher e em total emoção perguntou: sua vagina crente perdoa meu pênis pecador? Maria em êxtase perdoou e em 31 de dezembro de 2001, casaram-se em um belo culto. E Pedro entendeu que ninguém foge aos desígnios do Senhor.