AS AMIGAS

Eram vizinhas e amicíssimas. Uma casada, outra desquitada. A casada estava grávida de seu primeiro filho e a outra tinha um “amor” que ninguém via; ele não frequentava sua casa nem seu círculo de amizades.

A vida da casada era difícil: muito trabalho e problemas financeiros; seu marido ainda cursava a faculdade e eles sobreviviam graças ao salário dela de professora. A vida da amiga era pura diversão.

A casada nada comprava de supérfluo nem ganhava presentes do marido, o dinheiro era escasso e mal supria as necessidades básicas do casal. A vizinha exibia os presentes ganhos do “amor” e de vez em quando oferecia os bombons recebidos à amiga: trouxe para você uns bombons que meu amor me deu... veja que linda camisola ganhei do amor...

A vida corria pesada para uma e leve para outra. Quem disse que a vida é justa? Até que...

A desquitada tentou o suicídio ameaçando jogar-se da varanda do apartamento. A multidão assistia ao espetáculo que demorou algumas horas, mas teve final feliz – ela desistiu do ato. Sua amiga estava consternada sem entender o motivo para tão extremado gesto e ficou ao seu lado na hora difícil.

À noite, quando o marido chegou, ela já estava em casa preparando o jantar. Ele foi entrando e falando desajeitado: precisamos ter uma conversa séria... Eu fui o causador do desespero da sua amiga... éramos amantes, mas não estava mais conseguindo suprir sua necessidade de presentes e gastos e dei fim ao relacionamento.

Ela nada disse, não pôde... apenas desmaiou e quase abortou com a queda.

RJ, 07/07/13

(não aceito duetos, por favor)