MINHA JAQUETA DISFORME
Ora, não me julgue pelo que visto!
Sou assim, meio disforme, meio errado e egocêntrico. Quem não é?
Ando pelas ruas e escrevo livros... Falo do que não sei, pois, se do que sei eu falasse, na verdade eu nada falaria. Minto. Digo verdades, como um sorvete e leio um livro.
Certa vez me perguntaram quem eu sou...
Até hoje não respondi... Sou passarinho que passou a passear, um sabiá que nada sabia... Um peixinho que não sabia nadar... Um homem, humano, tangível e passível do que não se toca. Sou alguém, sou mais! Sou alma e céu, chão e papel, música, ritmo, samba, rock e piano.
Sinto olhos curiosos em mim... Certamente perguntam “por que el’é assim?
Respondo, com calma e talvez um pouco de rancor...
-Por que não sou, oras! Não sou quadrado, não sou círculo, octógono e nem mesmo Icoságono! Não sou juiz, médico, professor ou saco de lixo... Não sou uniforme. Sou o infinito e o infinito, em mim, é tudo o que eu sei – ou não sei.
Preciso bater ponto. Jogo fora o cigarro e bebo o resto do café.
Por cima desse pesado uniforme uso essa jaqueta disforme que me aquece
Chamada poesia.