A vida de Anita Cap. 2

Quase perdeu o ônibus que ia para a escola, entrou apressadamente esbarrando na porta e tropicando nas escadas, o motorista balançava a cabeça e dizia:

-Você não toma jeito né Anita?

-Desculpa seu motorista é que eu estava com um pouco de pressa, quase perdi o ônibus. Falava enquanto sorria envergonhada.

- Me conta uma novidade né, quase todos os dias eu tenho que te pegar pelo caminho, sempre atrasadinha.

-Mas eu te prometo que amanhã estarei cedo aqui.

-Eu já ouvi isso ontem. Prosseguiu irônico o motorista.

-É que hoje está muito frio, a gente demora pra sair da cama. Sorriu descaradamente e assentou-se em um dos primeiros bancos que ficava atrás do motorista, sempre quieta e comportada, não se misturava com o pessoal do fundo que faziam muita bagunça, vez e outra o motorista tinha que parar e gritar com alguns que insistiam em fazer baderna, Anita acompanhava quieta, mas não aprovava a atitude desses colegas arruaceiros, apesar de ser um pouco desorganizada sempre fora uma menina muito educada.Permanecia sentada ali na frente observando toda a paisagem que se desdobrava pela janela, casas e mais casas, postes e mais postes, ruas e mais ruas, arvores e mais arvores atravessavam sua visão enquanto seus pensamentos se desdobravam sem ela ao menos perceber. O ônibus parou, esperou ansiosamente sua melhor amiga de escola subir, sorriu, tinha muitas novidades para contar e precisava que ela a ajudasse em um trabalho de ciências. Subiu um, subiu outro.

-Acho que ela não veio hoje. Comentou consigo mesma. Entristeceu- se.

Quando o motorista já havia fechado a porta, e estava dando partida para arrancar, olhou para os lados e avistou sua amiga correndo atrás do ônibus.

- Motorista, a Ana está vindo lá atrás, correndo.

-Mais uma né... -Não me admira vocês duas serem tão amigas,uma é o retrato da outra.

-Mas pelo menos não somos bagunceiras. Retrucou ela.

-Vai sobe logo menina. Disse o motorista indignado, visto que praticamente todos os dias as duas chegavam sempre atrasadas.

-Oi amiga. Anita a recebia com um sorriso e guardava o lugar ao lado para sua amiga colocando a mochila para ninguém sentar.

-Como vai Anita? Trocavam beijinhos no rosto.

-Vou bem, e você chegou bem em casa ontem.

-Cheguei sim, o problema foi que minha mãe estava brigando com meu pai outra vez. Entristeceu-se

-Ai que chato! Ana, quando acontecer isso você pode ir lá pra casa, eu peço pro meu pai te buscar de carro.

-O problema Anita, é que eles ficam muito exaltados quando estão brigando, e eu tenho medo de me meter, por quê para ir até sua casa teria que ter a permissão deles.

-Por quê você não conversa com sua mãe? Diz pra ela que quando ela brigar com seu pai, você quer ir lá pra casa, então quando você presenciar isso, ela olhará para você e lembrará da conversa, então dará a permissão.

-Pode ser que funcione, eu nunca pensei nisso.

-Então... Anita a encarou docemente.

-Você é minha amigona né Anita, o que seria de mim sem você.

-O que seria de mim sem você Ana, nós somos irmãs de pais diferentes. Riram..

Conversaram até chegarem na escola, era um bom caminho, quase uma hora de ônibus de onde moravam, Anita morava mais longe, Ana sua amiga uns dez minutos de viagem a menos.

O ônibus encostou, o motorista abriu as portas e os alunos desceram ligeiramente, Anita sempre esperava para descer por ultimo, tinha medo que a alguém a empurrasse pois ainda era pequena em estatura, poderia se machucar, aconselhava sua amiga a descer junto com ela, se preocupava com Ana, afinal como ela dizia, eram irmãs de pais diferentes. Agradeceram e deram adeus ao motorista, e seguiram de mãos dadas até a entrada da escola.

Diego Gierolett
Enviado por Diego Gierolett em 27/06/2013
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