A senhora e o motorista
Uma senhora sobe no ônibus e pergunta ao motorista.
-Pra onde vai esse ônibus senhor?
-Vai para o Bairro Bom fim minha senhora. Responde um tanto exaltado o motorista, visto já se encontrava na hora exata de sair do ponto.
-É que eu queria pegar um ônibus que fosse justamente para esse bairro. O senhor podia me levar?
-Mas é claro senhora, pode subir.
A velha senhora sobe no coletivo, muito devagar, e o motorista se vê ansioso por quê ainda não havia encontrado o tempo necessário nem para fechar a porta.
-O senhor pode me dar uma ajuda?
O motorista interiormente irritado, mas com um singelo sorriso responde.
-Sim senhora.
Ligeiramente ele se levanta do seu banco e estende a mão a velha senhora que com dificuldade consegue subir até o ultimo degrau do ônibus.
- O senhor pode me levar até aquele terceiro banco?
O motorista que já se preparava novamente para sentar e finalmente arrancar o ônibus engoliu em seco sua indignação, juntamente com os olhares atravessados dos outros passageiros que se encontravam impacientes com tal situação. Levou a idosa até o banco que desejava sentar.
Finalmente, depois desse tempo despendido, já com quase dez minutos de atraso, antes do motorista sentar mais uma vez em seu banco, ela o chama mais uma vez.
-Seu motorista. Ele gelou, seu coração foi na boca, não sabia se aguentaria mais uma petição, sua generosidade tinha alcançado o clímax.
-Fale minha senhora.
-Pra onde vai esse ônibus mesmo?
-Vai para o bairro Bonfim, minha senhora. Os lábios dele tremiam só em imaginar o que ela estava pensando.
-Nossa acho que peguei o ônibus errado. Eu queria ir para o Moji, é a idade meu filho, eu tô meio surda sabe, mil desculpas.Me ajuda a descer ?
O sangue subiu nas veias, engoliu em seco e o ritual novamente recomeçou compartilhado com a indignação de todos naquele recinto, principalmente do motorista que iria chegar mais de vinte minutos atrasado em seu destino.
Alguns mesmo indignados pelo atraso comentavam.
-O importante é que ele fez uma boa ação. Não sei se eu teria paciência como a dele.
Depois disso arrancou o ônibus indignado e viu do outro lado da rua a senhorinha sorrir e sacudir a mão agradecendo toda a sua generosidade e paciência, sentiu um aperto no peito, ficou triste por não haver sido de coração, mas apesar de tudo havia aprendido uma grande lição naquele dia.