CIRCUNSTÂNCIAS
Chegou num repente naquele ponto de ônibus. Olhou-me e pediu:
- Tio, me dá um dinheiro?
Olhei no rosto sujo. Encontrei um olhar perdido, sem vida.
Procurei a criança que indicava o corpo magro vestido em roupas maltrapilhas, não encontrei.
Em pensamentos, vislumbrei sua concepção num ato de encontro e amor;
Pensei no dia em que nasceu; Nos beijos que recebeu;
Nos sonhos que despertou; Nos projetos que provocou.
Até que...
- Tio, me dá um dinheiro!
Sua voz me fez voltar pra realidade onde o reencontrei além dos meus devaneios.
Puxei do bolso algumas moedas e o entreguei, com um pedido:
- Desculpe-me...
Ele olhou-me desconfiado e depois de alguns segundos respondeu:
- Tudo bem tio...