A VIRTUDE DE NINGUÉM

Numa grande cidade há os afortunados e renomados, mas também os anônimos por trás da chamada marginalização.

Dentro deste seguimento do anonimato havia um Jovem sem nome.

Preferia ser chamado pelo pseudônimo de “Ninguém”.

Ninguém era um sujeito trabalhador e comunicativo.

Sociabilizava-se com facilidade e possuía muitos amigos.

Ninguém não tinha inimigos, o que me fez pensar sobre ele.

Era festivo e bem humorado, mesmo morando ainda em uma comunidade pobre.

Esse jovem chamado “Ninguém” possuía uma virtude necessária e difícil de encontrar em muita gente.

Ele colecionava virtudes.

Ele começou sua vida quando, ao caminhar na feira, encontrou uma pagina de um livro conhecido.

Nessa única folha de papel conseguiu ler que: “Se os olhos de um homem tivesse luz, todo corpo seria iluminado”.

Perguntou a um amigo sobre aqueles dizeres e lhe foram explicados.

Pensou então: Vou fazer conforme entendi.

Ninguém começou a sair em busca de virtudes e isso estava nas pessoas.

O primeiro homem que encontrou foi um bêbado.

Ninguém começou a conversa com aquele homem que lhe abriu a vida de sofrimento por causa do fracasso da família. O bêbado lhe aconselhou a ter cuidado com quem escolhesse para viver a vida quando fosse o tempo de casar.

Ninguém guardou sua primeira virtude.

Como Filho de uma mãe solteira, Ninguém percebeu que não podia errar quando fosse formar sua família.

Algum tempo passou. A vida feita de fases apresentou a Ninguém um viciado em drogas.

Ninguém conversou muito tempo com o jovem que lhe abriu o coração. Mesmo sendo um viciado, aquele jovem era filho de gente afortunada e foi posto para fora de casa pelos seus pais. Passou então a morar naquele lugar.

O jovem viciado possuía estudo superior e disse para Ninguém que os tempos de faculdade eram tempos bons e lhe aconselhou a estudar e pensar em uma profissão.

Ninguém guardou aquela virtude e no mesmo dia fez sua matricula na escola e se tornou um bom aluno.

Essa foi a segunda virtude que Ninguém guardou.

Ninguém ia e vinha da escola e certo dia ele se deparou com um mendigo pedindo esmolas.

Começaram a conversar e o papo rendeu.

Ninguém perguntou ao mendigo a razão de sua pobreza.

__Eu tenho uma fraqueza que é a preguiça.

Ninguém perguntou ao pobre miserável se ele não tinha profissão.

Replicou-lhe o Mendigo:

__Era pedreiro, mas me cansei disso.

Ninguém então fez ao homem muitas perguntas e descobriu que possuía o mesmo talento para construir, para manejar a pá e a colher de massa.

O mendigo lhe passou todos os segredos dos “maçons” (Pedreiros em Francês) e ficaram amigos.

Ninguém passou a ajudar aquele homem e ele saiu das ruas.

Ninguém guardou sua terceira virtude, o Trabalho ou a Vocação.

Ninguém se ofereceu para ajudar os pedreiros que encontrava enquanto prosseguia em seus estudos.

Exagerou em ser o que sua vocação lhe dizia. Tornou-se o melhor.

Tornou-se um homem hábil na arte da construção e ganhou um nome.

Ninguém conheceu inúmeras outras pessoas, das quais adquiriu virtudes.

Agora homem formado em engenharia virou construtor. Hoje é empresário e rico.

Casou-se e se tornou um bom pai de família.

Voltou lá trás e trouxe para sua empresa muitos daqueles “marginalizados” que se tornaram seus melhores funcionários.

Que virtude tem esse homem que era Ninguém!

Tornou-se alguém de quem ninguém se via nada.

De ninguém se enxergava nada, mas se os olhos possuem luz, se vê virtudes aproveitadas.

As virtudes não estão evidentes. Estão escondidas nos corações dos homens de quem ninguém nada vê.

Terminou dizendo-me:

__A nobreza de uma pessoa é saber tirar coisas boas para si mesma de quem ninguém vê virtudes.

Pensei: É justo!

DRIZIO
Enviado por DRIZIO em 19/06/2013
Reeditado em 19/06/2013
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