HISTÓRIA DE CAMINHONEIRO

Já era tarde quando chegou àquela cidade. Parou o caminhão próximo a um posto de combustível e procurou com o olhar. Entre outras coisas, reparou um grupo de meninas próximo ao restaurante que também era o hotel. Foi até o casarão pintado de branco. Sentou-se. Pediu uma refeição e um quarto por uma noite apenas. Estava cansado da estrada. Dirigira por quinze horas. Precisava descansar. Comeu rápido o prato feito e foi para o aposento, onde se despiu para um demorado banho.

Deitou na pequena cama e fechou os olhos. Adormeceu. O cansaço provocou sonhos, entre eles um toque de mãos no peito que insistia... Até que acordou assustado com a presença de uma daquelas meninas da porta do bar/hotel. Olhou ainda sonolento para o rosto angelical da, quase, mulher e rapidamente tirou a mão dela do seu corpo:

- O que faz aqui. Vá embora! – Ordenou levantando-se.

Foi quando reparou o corpo magro dela. Moreno e nu.

- Vá embora! – Ordenou mais uma vez.

Com doze anos na estrada, o assédio não era novidade para o caminhoneiro. Só que ele tinha opinião formada sobre o assunto: “Com meninas, não. Só com mulheres adultas”.

Pra sua surpresa, a jovem olhou diretamente pra ele e disse:

- Eu quero! Se não quiser também, vou gritar e dizer pra todo mundo que você me seduziu e me abusou...

O caminhoneiro, calmamente, perguntou:

- Quando é?

Ela disse o preço.

Ele pegou a carteira, retirou as notas até chegar o valor, entregou a menina. Ela sorriu e voltou a se deitar na cama. Ele sorriu de volta mas, surpreendentemente, ordenou:

- Pronto. Pode vestir sua roupa e sair. – A menina balançou a cabeça sem entender – Vamos, pode ir embora! – Ele Insistiu.

Ela pegou as roupas e se foi. Ele trancou a porta do quarto e calmamente retirou da carteira um retrato. Na foto o rosto angelical de uma menina que sorria.

- Boa noite, minha filha – Disse beijando a foto.