Inspiração

Em um dia simples e comum no ônibus

Olho para baixo e vejo meus pés,

Pés surrados, rachados, manchados e gastados,

Olho para cima e vejo minhas mãos,

Mãos calejadas, rasgadas e costuradas,

Enrugadas, com sinais da luta do dia a dia,

Do nada acordo, daquele sonho instantâneo

E percebo que ainda estou na roda da ciranda,

Que ainda sou criança,

Que canta enquanto dança

No jardim, no mais belo jardim do parque,

Vai cabecinha grava esse sonho meu,

Faz um esforcinho aí,

Vai ser a minha maior inspiração

Saber que um dia eu vou ter vencido a guerra,

Mas quando for velhinho quero lembrar

Da mais bela ciranda

Que brinquei no parque enquanto eu era criança.